Envelhecer significa passar por um processo intrínseco e natural ao ser humano. No entanto, quando falamos em mulheres idosas, envelhecer pode se tornar um fator de resistência. Durante muitas décadas, a mulher foi valorizada quase que exclusivamente pelos seus papéis reprodutivos, tendo como centralidade de sua vida o lar e os cuidados com os membros da família. Uma reflexão importante para este Dia das Mães. 

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), dra. Ivete Berkenbrock, atualmente, as mulheres idosas continuam dando suporte à família, por serem muitas vezes as provedoras por meio da aposentadoria, pensão ou benefícios.

Com o aumento da expectativa de vida, mais mulheres acima dos 60 anos se tornaram cuidadoras de seus pais, também idosos. Além disso, ajudam a cuidar dos netos ou a fazer os serviços domésticos para os filhos.  

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as pessoas idosas representam um quinto da população brasileira. Dessas, 18,5% trabalham, 85% moram com outras pessoas e 75% contribuem com pelo menos metade da renda familiar. Além disso, com a inflação fechando 2021 em 10,06% (a maior desde 2015), muitos idosos não conseguem se manter ou contribuir com a renda familiar apenas com as suas aposentadorias. Assim, são obrigados a voltar ao mercado de trabalho atrás de uma vaga de emprego.

Ana Amélia Camarano, coordenadora de Estudos e Pesquisas de Igualdade de Gênero, Raça e Gerações, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), salienta que envelhecer é questão de gênero. Segundo ela, além de termos mais mulheres idosas do que homens, as mulheres cuidam de seus maridos e depois não tem ninguém para cuidar delas. Elas são as principais cuidadoras, mas também são as que demandam mais cuidados, estando mais sujeitas a problemas como hipertensão, a problemas de artrite e artrose e depressão.

Uma forma relevante de suporte a essas mulheres, como indica a presidente da SBGG, são as chamadas redes de apoio, compostas, em muitos casos, por familiares, que além das necessidades físicas ou financeiras, contribuem principalmente para a saúde emocional.

Ana Amélia chama atenção ainda para os impactos da pandemia de Covid-19 como um dificultador nas relações de todos, mas em especial, na vida das pessoas idosas. E o resultado deste período ainda é indefinido.

A presidente da SBGG finaliza ressaltando a importância de mais ações governamentais que dêem mais suporte às mulheres idosas, tema que deve estar na pauta da sociedade principalmente em ano eleitoral.