A instabilidade política e econômica foi o principal desafio de 2024, na avaliação de entidades representativas do comércio de Mogi das Cruzes e região. Apesar do ano difícil, porém, o período de festas vem acompanhado de muita expectativa para aumento das vendas dos comerciantes, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região (Sincomércio) e as Associações Comerciais de Mogi das Cruzes e Suzano. 

Segundo Valterli Martinez, presidente do Sincomércio, 2024 foi um ano de avanços e desafios. “Em um contexto de recuperação econômica moderada, inflação controlada mais em crescimento e as mudanças no comportamento do consumidor, o Sincomércio teve um papel crucial no apoio aos lojistas e na busca por soluções para as adversidades enfrentadas. O Sincomercio liderou as negociações da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com sindicatos laborais, garantindo um aumento real de 1,29% somado ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Essa conquista foi alcançada sem aumentar encargos excessivos, preservando a saúde financeira das empresas”, comentou. 

Martinez também salientou as principais dificuldades que o setor enfrentou este ano, como a manutenção do Simples Nacional, que foi alvo de propostas de mudança tributária. “Cerca de 70% dos empresários do varejo da região dependem desse regime para se manterem ativos. O Sincomercio, em parceria com a Fecomercio-SP e CNC (Confederação Nacional do Comércio), liderou esforços para garantir a preservação do regime, alertando sobre os riscos de aumento de carga tributária”, disse. 

Outros desafios citados pelo presidente do Sincomércio foi a crescente migração para o e-commerce, exigindo que os comerciantes locais investissem em digitalização e estratégias omnichannel (integração de diversos canais de venda),;a capacitação e formação profissional; a demanda por mão de obra qualificada para lidar com as novas exigências do mercado, e a concorrência com a informalidade. “A atuação de ambulantes irregulares, oferecendo produtos similares (falsos) a preços menores, prejudica o fluxo de consumidores nas lojas físicas”, destacou. 

Já para Mohamad Issa, vice-presidente do Associação Comercial de Mogi das Cruzes, 2024 foi um ano morno. “O que eu vejo são os setores de alimentação e turismo em alta, e construção civil em baixa. Alguns segmentos tiveram baixa ou mantiveram, ou foram superavitários. Serviços esteve muito forte, como manutenção e prestação de serviço”, comenta.

Segundo Issa, o cenário conturbado da política é desafiador: “A alta do dólar reflete nos produtos, e os investidores se mantêm no especulativo e não no setor produtivo. Quem tem dinheiro aplica, e quem precisa de crédito para produzir não consegue porque está muito caro e acaba não compensando”. 

O presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Suzano, Rodrigo Guarizo, reforçou as principais conquistas do ano, com eventos em prol dos empresários, como a Rodada de Negócios no início do ano, e a participação na Expo Suzano, em parceria com a Prefeitura de Suzano, além de cursos e palestras durante o ano em parceria com o Sebrae, o Instituto Federal e o o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) da ACE. 

“Uma prova do nosso sucesso é o fato de que estaremos recebendo o selo de excelência em atendimento do nosso posto do Sebrae Aqui, pois foram inúmeros serviços prestados ao empresariado e à população, incluindo a emissão de certificados, o registro de marcas, consultas de crédito, locação de auditório e contratos de estágios. Junto a tudo isso, também tivemos um aumento no número de associados e o lançamento do nosso "ACE Suzano Cast", nosso podcast semanal que conta com mais de 30 episódios voltados ao empreendedorismo”, ressaltou o presidente. 

Entre os desafios do ano, Guarizo destacou também a instabilidade econômica e a capacitação da mão de obra qualificada para a evolução do setor. "Estimular e entusiasmar os empresários em meio a esse cenário foi um grande obstáculo. Para isso, tivemos que usar muita criatividade e disponibilizar conteúdos mais atuais e inovadores”, ressaltou. 

Fim de ano

Apesar do ano difícil, o período de festas vem acompanhado de muita expectativa, de acordo com o presidente do Sincomércio. “As cidades do Alto Tietê estão otimistas em relação a um período de aquecimento nas vendas. Apesar de um ano desafiador economicamente, com momentos de instabilidade e inflação moderada, a expectativa é de que o comércio registre crescimento em relação ao mesmo período de 2023”, ressaltou. 

Com ações especiais promovidas pela Associação Comercial de Mogi, como a campanha de prêmios e visitas do Papai Noel aos centros comerciais da cidade, além de lojas com horário de funcionamento até às 22 horas (válido até 31 de dezembro), a expectativa para o final do ano é de um aumento de 10% nas vendas em relação ao ano passado. Além disso, Mohamad Issa salienta que alta no setor alimentício deve crescer com as comemorações, e o turismo com as viagens na virada do ano. 

2025 

O presidente comenta a perspectiva para o próximo ano: “2025 promete desafios significativos para a economia brasileira, com questões fiscais, reformas estruturais e políticas públicas no centro do debate. Contudo, iniciativas locais e nacionais podem ser fundamentais para equilibrar as pressões externas e internas, além de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico”. 

O Sincomercio do Alto Tietê, segundo Martinez, terá como meta em 2025 consolidar as conquistas de 2024, ampliar programas de capacitação e fortalecer o diálogo com o poder público. "A defesa do Simples Nacional e iniciativas como o piso social para o comércio continuam sendo prioridades, visando criar um ambiente mais inclusivo e sustentável para os lojistas e trabalhadores da região. Apesar dos desafios, o engajamento do Sincomércio com os associados e as ações propositivas realizadas ao longo do ano mostram que o setor varejista do Alto Tietê tem potencial para crescer e se adaptar às mudanças econômicas e sociais”, finaliza. 

Já a perspectiva para o próximo ano, de acordo com o vice-presidente da Associação Comercial de Mogi, depende da política e da economia no Brasil e no mundo: “O cenário é indefinido, ninguém consegue chegar em um denominador comum. Se o governo cumprir metas e o cenário externo estiver calmo, depois de muito tempo travado, as pessoas vão ter apetite para investir”. 

Mohamad Issa, porém, mantém o otimismo: "Caso aconteça ajustes internos, e o cenário se mantenha, vai ser um ano maravilhoso, e se não for feito nada, será o mesmo desse ano. Na construção civil, mudaram a política de financiamento habitacional, e as pessoas precisam de recursos próprios. O Minha Casa, Minha Vida só financia 60% e tem que ter 30%, que geralmente não vai ter para finalizar, comprar móveis, colocar piso e pintar, o que acaba onerando”.

Guarizo destacou os planos para fortalecer o comércio de Suzano no próximo ano. “Em 2024, a entidade trouxe muitas novidades e, para 2025, a associação deve buscar aprimorar os projetos já existentes, visando trazer a inovação necessária para podermos levar o que há de melhor para os empresários e ajudar a fortalecer o comércio local”, finaliza. 

*Texto supervisionado pelo editor.