Moradores do bairro do Nogueira, em Guararema, se mobilizam para impedir o corte de três árvores da comunidade. No último domingo (21), o Coletivo Cumadres de Cortiços, formado por mulheres, se reuniu em uma manifestação com atividades lúdicas para sensibilizar o poder público.
Segundo Rosângela Devide, advogada e uma das moradoras à frente do movimento, a Prefeitura pretende retirar as espécies para a construção do muro de uma escola. "Essas três árvores foram plantadas há 22 anos. Duas delas pela primeira ONG da cidade, a Organização Ambientalista Pró-Terra, e uma terceira plantada por um antigo morador do bairro. Devemos preservá-las pelo seu valor histórico e pelo que elas representam para os moradores do bairro. Nesses anos elas cresceram e passaram a abrigar muitos pássaros. As mães quando aguardam seus filhos chegarem no transporte escolar se abrigam na sombra delas", afirmou.
A moradora explicou que, por mais que uma das espécies seja exótica, não traz prejuízos ao ecossistema local. "É um Ficus, que nós sabemos tratar-se de uma árvore que não é nativa da Mata Atlântica, porém como não traz nenhum malefício, pois não é invasiva e tão pouco possui substâncias tóxicas para animais ou insetos, também vamos preservar", destacou.
Rosângela disse que foi feita uma representação no Ministério Público (MP) e a Prefeitura teria alegado que faria os cortes somente se fosse preciso. "Diante da informação da Prefeitura, o MP nada fez no sentido de impedir a supressão", disse a moradora o que levou a entrada de um pedido de recurso e a manifestação no último domingo (21), com ginástica, teatro, música e caminhada.
Resposta
Em nota, a Prefeitura de Guararema afirmou que o imóvel é de propriedade do município, e no local será construída uma escola. Para a obra, de acordo com a administração municipal, será preciso "a construção de um muro de arrimo no trecho em que estão localizadas as árvores, e as equipes responsáveis farão o possível para mantê-las no local".
O Executivo justificou ainda que a árvore Ficus presente no local, trata-se de uma espécie "que possui raízes agressivas e superficiais, que podem provocar danos ao patrimônio público e contribuírem para ocorrência de acidentes". A nota ressalta que, em contato com a engenharia responsável pela obra, a expectativa é que o modelo não precise ser retirado e, caso aconteça, serão feitas as compensações ambientais.
*Texto supervisionado pelo editor