A ONG Trabalho de Apoio ao Deficiente (Tradef), localizada no bairro Alto da Boa Vista, em Mogi das Cruzes, atua há 27 anos oferecendo atendimento às pessoas com deficiência (PCD). Atualmente, cerca de 80 pessoas e suas famílias são atendidas, 40 delas no período matutino e as restantes no, vespertino.
O trabalho da entidade é restrito a pessoas com deficiência, seja física, intelectual ou múltipla, na faixa etária de 18 a 59 anos e que sejam residentes de Mogi. Para ter acesso aos serviços oferecidos, é necessário comparecer até a sede do Tradef com documentos. “Fazemos uma triagem e um plano individual e familiar. Traçamos estratégias para o desenvolvimento das vulnerabilidades”, detalhou a assistente social da ONG Susana Miranda Rocha.
Após atendimento com a equipe de psicologia e assistência social da entidade, o assistido pode ser encaminhado ao mercado, ou para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou para participar das oficinas que ocorrem na sede. A equipe do Tradef também inclui pedagoga, educadores sociais, cuidadora, motorista, equipe operacional, entre outros cargos.
A maioria dos assistidos pelo espaço são pessoas de baixa renda, segundo a assistente social, e utilizam o espaço para o desenvolvimento de habilidades motoras ou sociais, ou para serem encaminhados ao mercado de trabalho. “Apenas 10% (dos atendidos) são de classe média, estes utilizam o espaço pela oportunidade de integração”, destacou.
Autonomia
De acordo com a avaliação, os assistidos são orientados a desenvolverem atividades diferentes. Muitas delas são voltadas para as Atividades de Vida Diária (AVD), que propõe o desenvolvimento de habilidades que propiciem a autonomia do indivíduo, de acordo com suas capacidades e necessidades, diminuindo a dependência de familiares ou cuidadores.
Entre as atividades desenvolvidas estão a horta coletiva da entidade, além de limpar o próprio espaço, dobrar uma roupa ou pegar um ônibus sem companhia, que são desenvolvidas gradualmente. “Muitos vinham com os pais, depois aprenderam o caminho, decoraram. A mãe ainda liga confirmando se ele chegou ou se já saiu, mas eles estão mais independentes”, disse Susana.
A ONG também desenvolve atividades lúdicas e de recreação, assim como atividades físicas como jogo de bola e bambolê, que também trabalham conceitos como socialização e habilidades motoras.
Integração profissional
Por meio do Tradef, pessoas com deficiência têm a oportunidade de trabalhar em empresas do município. A entidade mantém contato com empresas locais que, de acordo com a legislação, necessitam contratar pessoas com deficiência. No momento, 12% dos assistidos aguardam oportunidade de recolocação profissional. “As empresas entram em contato especificando o tipo de deficiência, após isso nós encaminhamos os candidatos”, relatou Susana. É necessário que os interessados frequentem as atividades desenvolvidas no local para serem encaminhados às vagas de trabalho.
Espaço de Acolhimento
Iranei de Sousa Oliveira, de 41 anos, teve uma paralisia do lado esquerdo, quando era bebê, o que afetou seu lado direito, impactando parcialmente sua fala e de forma severa nas suas habilidades de escrita e leitura. Ele e a esposa são assistidos há mais de dois anos pela ONG. Para ele, o espaço é fundamental para socialização e integração de pessoas com deficiência.“Fora do Tradef a gente sofre bastante preconceito. No Tradef é mais fácil fazer amizade do que em outros lugares. Lá todo mundo é tratado de forma igual”, contou.
Bazar
A instituição arrecada itens em bom estado para o tradicional bazar, que ocorre de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas, e das 13 horas às 16h30. Os valores recebidos com o bazar complementam a renda da entidade, que é subvencionada pela Prefeitura de Mogi das Cruzes. O valor é utilizado para despesas como o almoço fornecido, às quartas-feiras, para 40 pessoas com deficiência atendidas pelo espaço.


