Alto Tietê - Para especialistas em gestão pública e ciências políticas do Alto Tietê, a consolidação da representação política na região no pleito deste domingo pode garantir a manutenção dos deputados federais e estaduais da região, mas ainda não há uma certeza sobre a consolidação de um bloco regional na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.

Para o professor em Gestão Pública Suami Paula de Azevedo, o processo eleitoral deste ano é diferente dos demais, dadas as circunstâncias que o país passou nos últimos quatro anos com a pandemia do coronavírus (Covid-19) e outros fatores. Tal mudança pode também influenciar a escolha dos deputados federais e estaduais para a região, que hoje conta com nove representantes no total, com a maioria sendo apoiada pelos prefeitos do Alto Tietê.

Afonso Pola, cientista político
Afonso Pola, cientista político - Acervo pessoal

Para o cientista político Afonso Pola, no entanto, o número de representantes da região tem variado entre pleitos, sendo que há 4 anos foram eleitos quatro deputados estaduais e cinco federais - no entanto, muitos candidatos são beneficiados pelo voto geral em contextos extraordinários.

"Por mais que candidatos de determinadas regiões busquem conquistar os eleitores mostrando a vantagem de ter representantes da própria região, muitos eleitores acabam votando em determinadas pautas, o que acaba por muitas vezes privilegiar candidaturas de outras cidades em detrimento das locais", explicou.

Tanto Pola quanto Suami concordam que o potencial de reeleição dos atuais incumbentes nos cargos de deputado federal e estadual pelo Alto Tietê é grande, onde levam em consideração a proximidade com os governos locais e a articulação para emendas parlamentares e outros auxílios às prefeituras.

"Os nomes reconhecidos pelos prefeitos locais devem ter continuidade. A população é muito próxima dos prefeitos, que vivem o dia-a-dia da comunidade, mesmo que sejam questionados ou apoiados pela população", explicou Suami.

Perguntados sobre a possibilidade de formação de uma "Frente Parlamentar do Alto Tietê" a partir da próxima legislatura, com a união de esforços de diferentes pontos políticos, Afonso Pola reiterou que espera uma posição dos futuros eleitos sobre o assunto, tomando como exemplo o que acontece na região do ABC paulista, onde foi constituído um fórum para encaminhamento de demandas comuns: "A formação de uma frente desses representantes é fundamental para os interesses desses municípios", ressaltou.

Suami, por sua vez, não vê a criação de um bloco semelhante, devido ao envolvimento dos parlamentares estaduais e federais com suas próprias bases nos municípios: "Mogi, Itaquaquecetuba e Suzano teriam condições de ter cada um dois deputados federais e estaduais tranquilamente, mas a união de todos eles em favor da região não ocorre, infelizmente. Nós temos diferenças regionais no Estado que exigem acompanhamentos mais próximos das autoridades não apenas em demandar verbas e emendas, mas projetos regionais".