Mogi - Na manhã de ontem, a Prefeitura de Mogi das Cruzes, juntamente com representantes do Ministério Público, promoveu uma operação em uma ocupação na Vila São Francisco, no distrito de Braz Cubas, onde teria derrubado cerca de 50 unidades construídas no local.
Segundo a administração municipal, a operação consistiu na desmontagem de unidades inacabadas e desocupadas, que não apresentavam utilização recente, e que não envolveu a transferência ou remoção de pessoas. “A ação foi feita em cumprimento à decisão e mandado judicial emitidos pelo juiz da Vara da Fazenda Pública de Mogi das Cruzes, Bruno Machado Miano, que autoriza a Prefeitura a demolir construções inacabadas e também desabitadas e, ainda, autoriza o município a impedir novas ocupações no local”, informou em nota.
No relato do poder público, a ação teria contado com a participação de cem pessoas, entre funcionários da Administração Municipal e oficiais de Justiça, com o apoio da Polícia Militar, e as ações de desmontagem dos barracos teriam ocorrido após a comprovação da desocupação dos locais.
Moradores da ocupação, procurados pela reportagem, afirmaram que o processo de averiguação sobre quais famílias estariam instaladas na ocupação ocorreu enquanto um grupo de moradores foi impedido de entrar na área por agentes da Prefeitura.
Segundo uma moradora, que não quis se identificar, a ação dos agentes públicos acabou por atingir moradias cujos ocupantes estavam em horário de trabalho, ou que estavam no bloqueio. "Foram mais de 50 barracos que foram desmontados. Eles disseram que da próxima vez serão todos", relatou. Segundo os representantes da ocupação, a ocupação na Vila São Francisco conta com mais de 500 pessoas, enquanto que nas contas da Prefeitura de um levantamento feito em fevereiro deste ano, 193 moradias não estariam totalmente ocupadas.
O município informou que espera uma autorização judicial para prosseguir com o processo de desocupação da área como um todo, e que não há data prevista para a remoção de todas as famílias da área. Perguntado sobre os procedimentos a serem tomados para o acolhimento, o município reforçou que será ofertado às famílias que necessitarem.
“A administração reitera que a situação da Vila São Francisco é totalmente imprópria e não oferece o mínimo de segurança ou dignidade às pessoas que lá estão. Por isso, segue defendendo a desocupação voluntária do local”, concluiu a prefeitura em nota.
A ocupação da Vila São Francisco completou um ano em março do ano passado, em uma área que foi concedida pela Prefeitura à iniciativa privada em gestões passadas para a criação de uma fábrica, sendo que o processo não foi adiante. O local ganhou notoriedade em abril deste ano, quando imagens de uma operação conduzida pela Prefeitura, onde agentes públicos entraram em contato físico com ocupantes, ganharam notoriedade nas redes sociais.