O Alto Tietê, por si só, equivale ao "fiel da balança" de qualquer campanha eleitoral de alcance estadual ou federal. Com mais de 1,1 milhão de eleitores, toda e qualquer ação realizada aqui pode reverberar.
O caldeirão da política no Alto Tietê, que seguia frio desde o final de 2020 com o resultado das eleições municipais - que funcionam como o alicerce de diversos grupos políticos e legendas que desejam voos mais altos - começou a se aquecer no início deste mês. A tranquilidade das lideranças que trataram seus ferimentos e capitalizaram suas vitórias na última eleição passa a ser um capítulo do passado na roda da política.
A inauguração do novo escritório político do deputado federal Marco Bertaiolli (PSD) em Mogi das Cruzes; as contínuas conversas sobre o futuro político do deputado estadual Rodrigo Gambale (PSL); a recente entrevista do ex-prefeito de Suzano e ex-deputado estadual Marcelo Candido (PDT) sobre o cenário local para as eleições de 2022 e de 2024; os constantes acenos do governo do Estado nas questões de infraestrutura como a pavimentação da estrada da volta Fria e a reticência em seguir com o projeto do pedágio na Mogi-Dutra (SP-88). E, recentemente, a visita da presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, para tratar das demandas dos correligionários na região: todos estes momentos, embora pareçam aleatórios ou sem correlação, mostram o desejo de forças políticas trazerem não apenas projetos de poder, mas também de Estado. Isso pode ser o resultado de diálogos e de análises que levam em consideração fatores técnicos e humanos no que é o ponto fundamental da sociedade moderna.
Após os arroubos e a prematura declaração de morte da "velha política" na última década, e o nitidamente fracassado experimento do "freestyle da gestão pública" que continuamente nos cobra uma pesada e amarga conta de recessão econômica, social e mesmo ética, ver estes novos movimentos nos fazem pensar que, afinal, o novo ciclo pode abrir espaço para uma nova aliança com a civilidade e democracia.