A administração federal dos Estados Unidos (EUA) ficou oficialmente sem orçamento à meia-noite (hora local), entrando em vigor planos de contingência que preveem a dispensa de milhares de funcionários públicos. A incapacidade de republicanos e democratas de chegarem a acordo sobre o financiamento federal desencadeou paralisação parcial, que afeta atualmente os serviços não essenciais, mas pode comprometer outras funções se o impasse persistir. Nessa terça-feira (30) à noite, a câmara alta do Parlamento dos EUA) rejeitou uma proposta legislativa republicana e outra democrata para evitar a paralisação, que ocorreu pela última vez há sete anos. Após a rejeição da proposta democrata no Senado, de maioria republicana, também foi reprovada proposta do partido do presidente Donald Trump que prolongava temporariamente o financiamento federal até 21 de novembro. A proposta, que daria a ambos os partidos mais sete semanas para negociar o orçamento completo para o próximo ano fiscal, teve 55 votos a favor e 45 contra, com os democratas se unindo para que tivesse menos que os 60 votos necessários à aprovação. Após a votação, o Gabinete de Gestão e Orçamento da Casa Branca emitiu memorando, afirmando que “as agências afetadas devem agora executar os seus planos para um encerramento ordenado”. O gabinete estima que aproximadamente 750 mil funcionários públicos serão afastados. As viagens aéreas podem ser afetadas, enquanto o pagamento de determinados benefícios sociais deverá ser suspenso. Os parques nacionais ficarão também privados dos guardas florestais responsáveis pela manutenção, com o aproximar do outono, que atrai milhões de turistas ao país. As forças de segurança, as Forças Armadas, os aeroportos e a segurança social continuarão a funcionar normalmente, mas os funcionários dessas áreas não irão receber os salários até que os dois partidos aprovem novo orçamento. O Senado norte-americano já havia rejeitado, em 19 de setembro, o projeto de lei de financiamento temporário do Estado aprovado anteriormente na câmara baixa do Congresso, também de maioria republicana. O projeto de lei, em geral, financiaria a administração pública aos níveis atuais, com algumas exceções - como mais US$ 88 milhões para a segurança dos membros do Congresso, Supremo Tribunal e do governo, em momento de crescentes ameaças sobre as instituições e do assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. Os democratas apresentaram proposta alternativa de financiamento que protegeria os subsídios ao atendimento à saúde. Representantes do governo Trump têm procurado responsabilizar a oposição democrata pela falta de acordo, apesar da ausência de iniciativa de negociação pelos republicanos. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, ameaçou repetidamente com uma paralisação se não fossem atendidas as exigências de reposição de fundos para a saúde pública, cortados pelo pacote legislativo de Trump, batizado por ele de "grande e bela lei". O pacote legislativo de Trump sobre isenções fiscais e cortes de despesas contempla poupanças que cortam o acesso de milhões de pessoas ao Medicaid e outros programas públicos de assistência à saúde. De acordo com os cálculos dos analistas da seguradora Nationwide, cada semana de paralisação pode reduzir o crescimento anual da economia norte-americana em 0,2 pontos percentuais. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas EUA: governo enfrenta fuga de cérebros com saída de 154 mil servidores EUA incluem Brasil em lista de observação de tráfico de pessoas