Mogi News: Como é viver Jesus Cristo?
Jhony Uriel: É trabalhoso para caramba. Temos que costurar diversas coisas que estão soltas, o que nesse caso é a temática dos refugiados. Nós estamos fazendo uma coisa que é extremamente política também, ainda que não pareça. Eu sempre acreditei que a arte é comunicação de um jeito ou de outro, e quando a gente pega um espetáculo que tem a dimensão do “Passos da Paixão”, que é um projeto que já existe há 17 anos, nós agregamos uma responsabilidade diferente.
MN: O que você aprendeu e vai levar como bagagem interpretando Jesus Cristo?
Uriel: Ainda tenho muito o que aprender. Acho que temos o poder de associar uma coisa que é divina, um espetáculo religioso, e falar sobre uma ótica artística. Temos que olhar para as pessoas na plateia, para os nossos colegas de elenco e vivenciar essa experiência de agarrar o texto, a atmosfera que é o espetáculo. O teatro tem uma resposta muito imediata, então temos que entender o divino e o humano e fazer esse mix, e isso é um grande desafio.
MN: Você vai quebrar esteriótipos. Como é lidar com isso e ser um Jesus Cristo negro em cena?
Uriel: Viver Jesus Cristo negro é uma quebra de paradigma, mas isso não acontece só comigo. Maria é negríssima também, então vai ser muito bonito. Vai ser meio chocante quando eles verem Jesus do cabelo ondulado, crespo, e ver uma Maria mais crespa ainda. Em contrapartida, acho que cada ano o “Passos da Paixão” precisa de um Jesus diferente, de acordo com o que vai ser retratado. (K.C.)