Jhony Uriel, músico e ator de 23 anos, será o responsável por interpretar Jesus Cristo na edição de 2016 do espetáculo “Passos da Paixão”. Pela terceira vez na equipe da peça, Uriel conta que já passou pela equipe de maquiagem, representou Herodes Antipas e, sendo negro, agora traz para os palcos um Jesus fora do padrão imposto por tantos anos.

Mogi News: Como é viver Jesus Cristo?
Jhony Uriel: É trabalhoso para caramba. Temos que costurar diversas coisas que estão soltas, o que nesse caso é a temática dos refugiados. Nós estamos fazendo uma coisa que é extremamente política também, ainda que não pareça. Eu sempre acreditei que a arte é comunicação de um jeito ou de outro, e quando a gente pega um espetáculo que tem a dimensão do “Passos da Paixão”, que é um projeto que já existe há 17 anos, nós agregamos uma responsabilidade diferente.

MN: O que você aprendeu e vai levar como bagagem interpretando Jesus Cristo?
Uriel: Ainda tenho muito o que aprender. Acho que temos o poder de associar uma coisa que é divina, um espetáculo religioso, e falar sobre uma ótica artística. Temos que olhar para as pessoas na plateia, para os nossos colegas de elenco e vivenciar essa experiência de agarrar o texto, a atmosfera que é o espetáculo. O teatro tem uma resposta muito imediata, então temos que entender o divino e o humano e fazer esse mix, e isso é um grande desafio.

MN: Você vai quebrar esteriótipos. Como é lidar com isso e ser um Jesus Cristo negro em cena?
Uriel: Viver Jesus Cristo negro é uma quebra de paradigma, mas isso não acontece só comigo. Maria é negríssima também, então vai ser muito bonito. Vai ser meio chocante quando eles verem Jesus do cabelo ondulado, crespo, e ver uma Maria mais crespa ainda. Em contrapartida, acho que cada ano o “Passos da Paixão” precisa de um Jesus diferente, de acordo com o que vai ser retratado. (K.C.)