Jhony Uriel, músico e ator de 23 anos, será o responsável por interpretar Jesus Cristo no espetáculo "Passos da Paixão". Pela terceira vez na peça, ele conta que já passou pela equipe de maquiagem, representou Herodes Antipas e, sendo negro, traz para os palcos um Jesus fora do padrão. Nesta entrevista, ele fala sobre esta experiência.
Mogi News: Como é viver Jesus Cristo?
Jhony Uriel: É bastante trabalhoso. Temos que costurar diversas coisas, o que nesse caso é a temática dos refugiados. Eu sempre acreditei que a arte é comunicação de um jeito ou de outro, e quando a gente pega um espetáculo com a dimensão do "Passos da Paixão", que é um projeto que já existe há 17 anos, nós agregamos uma responsabilidade diferente.
MN: O que você vai levar desta experiência?
Uriel: Ainda tenho muito o que aprender. Acho que temos o poder de associar algo que é divino, um espetáculo religioso, e falar sobre uma ótica artística. Temos que olhar para a plateia, para os colegas de elenco e vivenciar essa experiência, a atmosfera que é o espetáculo. O teatro tem uma resposta muito imediata, então temos de entender o divino e o humano e fazer esse mix, o que é um grande desafio.
MN: Você vai quebrar estereótipos. Como é lidar com isso e ser um Jesus Cristo negro em cena?
Uriel: Viver Jesus Cristo negro é uma quebra de paradigma, mas isso não acontece só comigo. Maria é negríssima também, então vai ser muito bonito. Vai ser meio chocante quando eles verem Jesus do cabelo ondulado, crespo, e ver uma Maria mais crespa ainda. Em contrapartida, acho que cada ano o "Passos da Paixão" precisa de um Jesus diferente, de acordo com o que vai ser retratado. (K.C.)