"A realidade não é suficiente para mim. Sou o típico cara que não cabe no mundo", assim se apresenta o ilustrador e escritor Bertho Horn, que utiliza as histórias de sua alter ego Zilda para refletir o que carrega de mais íntimo. Criada há mais de 20 anos, a personagem, que inicialmente supria o lugar de um diário ,ampliou seus horizontes com o livro "Todo Mundo É Tão Estúpido, Menos Eu", que pode ser encontrado no site www.clubedeautores.com.br. Escrita em prosa, a obra está sendo vendida por R$ 32,23.
"A personagem Zilda é o meu diário desde os 16 anos. As histórias que acontecem com ela, muitas vezes, realmente aconteceram comigo", afirma o ilustrador. A relação entre a personagem e seu autor é tão intensa que Zilda cresce e amadurece a cada novo ano de vida de Horn, visualmente e intelectualmente. "Ela começou uma garotinha de 16 anos e, hoje, já é uma mulher", explica.
O livro, escrito em um momento conturbado para Horn, surgiu da simples ideia de despertar o riso em sua mãe. "Passei por algumas decepções profissionais, e estava em um momento complicado quando comecei a escrever o livro. Muitas falas e conversas da Zilda são coisas retiradas de conversas com minha mãe. Um dia quis fazer algo que fizesse ela rir", diz.
Além do livro, a personagem é retratada nas histórias em quadrinhos no site do artista, www.zildahq.com, atualizado todas as segundas-feiras. "As histórias de Zilda são contínuas e retratam o momento de vida em que estou. Ela está no meio da segunda temporada no site, mas já estou escrevendo a quarta", destaca Horn. Para quem perdeu o início da história de Zilda, o autor deixa todo o material da personagem disponível em sua página no Tumblr, www.berthohorn.tumblr.com .
Carreira
O interesse pelo desenho surgiu ainda criança, quando Horn prefiria a companhia dos papéis. Foram os desenhos encontrados nos livros de anatomia na biblioteca que despertaram o talento no artista. "Nunca fui em uma escola de arte. Sempre fui curioso, gostava de experimentar. Aquelas figuras belíssimas me despertaram o interesse, mais tarde conheci gente que fazia fanzines e, desde então, não parei mais", comenta.
Sempre com um bloquinho no bolso, a necessidade de transpassar para o papel tudo que sente levou o desenhista a se aventurar no universo literário, estas artes se ligaram de maneira natural.
Os sentimentos são o que move a arte de Horn, que precisa conhecer e mergulhar profundamente naquilo que pretende retratar. "Sempre estou desenhando, tudo que penso, vejo e sinto eu desenho. A Zilda sou eu, porque me envolvo naquilo que estou retratando", admite o artista.
O cuidado em se manter o mais longe da superficialidade é uma das grandes diferenças nas obras de Horn. "Apesar de ser meu alter ego, a Zilda é uma figura feminina, então tomo o cuidado em nunca falar sobre o que desconheço", finaliza. (Sob supervisão dos editores)