Única tricampeã mundial de judô do país, a Mayra Aguiar, de 33 anos, sentiu o gosto amargo da derrota em Paris 2024 na  última quinta-feira (1). Depois de cinco participações olímpicas, a judoca volta para casa sem medalhas, o que não acontecia desde Pequim 2008, quando ainda era uma adolescente de 17 anos. Ela está na galeria das mulheres brasileiras com mais medalhas, três ao todo, ao lado da ginasta Rebeca Andrade e da jogadora de vôlei Hélia Fofão.

Depois de um ciclo olímpico duro, com lesões e dores constantes, Mayra deu azar no chaveamento da categoria 78kg em Paris. No primeiro combate, já enfrentou a atual campeã mundial, a italiana Alice Bellandi. Após uma luta equilibrada, a brasileira acabou perdendo por wazari já no golden score.

As lágrimas da atleta não esconderam o depoimento sincero daquela que não deixa menos que o máximo a cada treinamento e competição.

“Eu não gosto de perder nem de brincadeira, imagine em uma competição em que a gente se doa demais. Doa saúde, doa tempo com a família, assume uma dieta restrita, treina todo dia com dor. Então esse é o preço que estou pagando há algum tempo, brigando com dores e lesões. Quando acaba desta forma é muito ruim. Mas eu sei também que todas as vezes que doeu muito como agora eu sempre me levante muito forte. Quanto mais dói mais a gente se fortalece. Estou me apegando a isso agora. O atleta aprende a se renovar muito rápido tanto na vitória quanto na derrota. Hoje eu vou sofrer e vou berrar, mas amanhã eu já estarei de pé”, disse a atleta, que já passou por oito cirurgias na carreira.

Mayra não assume uma despedida olímpica após Paris 2024. “Eu amo esse esporte. Eu amo treinar, amo esse clima, essa força que os atletas têm, essa alegria que é um treino. É isso que me fortalece, é isso que me faz treinar com dor. Essa motivação, essa superação, essa união que o esporte tem. Eu ainda não sei o que vou fazer. Vou voltar pra casa, esfriar a cabeça, entender como está meu corpo e pensar no que fazer”, explicou a atleta, que pode perder o posto de maior medalhista mulher do Brasil ainda em Paris 2024 para a ginasta Rebeca Andrade, que segue em várias finais individuais.

(Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro - COB)