A Maternidade Dalila Ferreira Barbosa, em Arujá, lançou o projeto Manada, que tem por objetivo atender de forma humanizada e acolhedora as mulheres internadas na unidade que sofreram perda perinatal. Tratam-se de perdas que ocorrem a qualquer momento da gestação e que incluem a entrega voluntária do bebê para a adoção. Este projeto é pioneiro na região do Alto Tietê quando se fala em maternidade pública. 

“A perda perinatal gera um impacto imenso não só nos pais e familiares, mas também nos profissionais de saúde. Muitas vezes, os colaboradores não sabem como agir, o que dizer ou de que forma acolher essa paciente. Percebemos, então, a urgência de uma estrutura que oriente o atendimento e prepare emocionalmente todos os envolvidos, sem desumanizar o processo”, explicou Priscila Franco Araújo, superintendente do Hospital Dalila.

Para isso, foi criado um protocolo de atendimento humanizado para estas pacientes, um norteador que permite que cada caso seja acolhido na Maternidade Dalila com empatia, respeito e sensibilidade.   

Na prática, o projeto funcionará da seguinte maneira: a paciente será alocada em um alojamento diferenciado, sinalizado com a imagem de um elefante na porta. Isso permitirá que todos os profissionais saibam, de maneira discreta e respeitosa, que o protocolo deve ser ativado. Além disso, haverá cartões de acalento entregues no momento da alta, e todo o corpo profissional será capacitado para lidar com essas situações, respeitando as individualidades de cada história.

“A ideia é que todos os colaboradores da maternidade, desde o acolhimento até a alta hospitalar, estejam conscientes e preparados para lidar com essas situações. O Projeto Manada nasce do olhar humano sobre um momento difícil, da necessidade de ver, ouvir e sentir com o outro, de forma empática e profissional. Mais do que um protocolo, é uma mudança de postura e sensibilidade da equipe diante de uma experiência tão marcante como a perda perinatal”, contou Débora Doreto, que participou da elaboração do projeto junto à superintendente Priscila e à coordenadora assistencial Leiliane Chagas. 

O nome escolhido para o projeto não foi por acaso. Ele faz referência aos elefantes asiáticos, que carregam suas crias mortas por dias, até encontrarem o local apropriado para o sepultamento. Durante esse percurso, emitem sons de lamento com suas trombas - um ritual de despedida que simboliza respeito, dor e amor. “É essa imagem de respeito, acolhimento e cuidado que queremos trazer para a Maternidade Municipal Dalila Ferreira Barbosa. E nosso desejo é que o Projeto Manada inspire outras unidades a olharem com mais sensibilidade para a dor invisível. Ser pioneiro não é apenas criar algo novo, é ter coragem de humanizar onde muitos ainda silenciam”, finalizou Leiliane.

O lançamento do projeto contou com a presença da presidente da Câmara de Arujá, Cris do Barreto, dos vereadores Danilo, Divinei, Thiago Ursão e Juvenildo, das conselheiras tutelares Cássia, Ione e Silandra, da coordenadora da Casa Azul e Rosa, Daniela e de Ana Poli, da Diretoria da Mulher de Arujá.