Mogi das Cruzes vive um momento crucial no que diz respeito à preservação do seu Patrimônio Cultural e à segurança no centro urbano. O núcleo histórico da cidade, que guarda construções de relevância arquitetônica e histórica, enfrenta desafios contemporâneos como a pressão do mercado imobiliário, o abandono progressivo e a escassez de investimentos que atendam às necessidades atuais. Esses problemas são agravados por questões estruturais, como as ruas estreitas, herdadas de outra época, que somam-se aos problemas de mobilidade e acessibilidade, criando um cenário que dificulta a fluidez do trânsito e a integração de pedestres, ciclistas e veículos.

Durante o dia, o centro ainda mantém certa movimentação, mas, no período noturno, o esvaziamento é evidente, transformando a área em um espaço pouco convidativo e vulnerável à marginalidade. Esse fenômeno reflete a falta de atividades que atraiam a população após o horário comercial, como eventos culturais, gastronômicos ou de lazer, que poderiam revitalizar o centro e fortalecer sua identidade histórica como um local de convivência e memória coletiva.

Um dos maiores desafios para essa revitalização é a falta de compreensão por parte do comércio local sobre as mudanças nos hábitos de consumo. O movimento de carros não é mais o principal fator que atrai clientes, mas sim a facilidade de mobilidade e a experiência oferecida pelo espaço urbano. A retirada de carros do centro é uma medida importante, mas o foco aqui é outro: a necessidade de revitalizar e ocupar o centro de forma estratégica, preservando sua identidade histórica. Para isso, é essencial criar um ambiente que combine segurança, acessibilidade e atrativos culturais, transformando o centro em um polo de convivência e desenvolvimento sustentável.

No Conselho de Patrimônio (COMPHAP), tem sido frequente o pedido para instalar grades em edificações em processo de tombamento, como forma de proteger esses prédios contra atos de vandalismo e roubos. No entanto, essa solução acaba descaracterizando as fachadas e comprometendo a leitura histórica das construções. Essas edificações são como páginas de um livro que conta a história da cidade, e as grades, embora necessárias em um contexto de insegurança, acabam distorcendo essa narrativa.

A questão da segurança está diretamente ligada à ocupação do espaço público. A presença constante de pessoas em atividades culturais, esportivas e de lazer pode transformar o ambiente, tornando-o menos propício para a marginalidade. Promover eventos como feiras, exposições, shows e atividades esportivas no centro da cidade pode revitalizar a área, trazendo de volta o movimento e a vida que antes existiam. Além disso, a implementação de políticas públicas que incentivem a ocupação do centro por moradores e comerciantes é essencial.

Incentivos fiscais, melhorias na infraestrutura de transporte público e programas de revitalização urbana são algumas das medidas que podem ser adotadas para atrair investimentos e pessoas para o centro. A preservação do Patrimônio Cultural não deve ser vista como um obstáculo ao desenvolvimento, mas sim como uma oportunidade de valorização da história e da identidade da cidade.

É preciso encontrar um equilíbrio entre a segurança e a preservação das características históricas das edificações. A instalação de grades pode ser uma medida paliativa, mas não deve ser a solução definitiva. A verdadeira solução está na ocupação e na valorização do centro da cidade pela própria população.

Portanto, é fundamental que a administração municipal, comerciantes e cidadãos trabalhem juntos para transformar o centro de Mogi das Cruzes em um local seguro, vibrante e culturalmente rico. Somente assim poderemos preservar nosso Patrimônio Cultural de forma autêntica e significativa, garantindo que as futuras gerações possam conhecer e valorizar a história de nossa cidade.