Na terça-feira (18), o advogado trabalhista Rafael Medeiros, especialista em ações de acidentes de trabalho e indenizatórias, se reuniu com a família de Rafaela Martins, engenheira suzanense que morreu aos 27 anos, após ser atropelada por um rolo compressor, no meio do expediente. Ela atuava por uma terceirizada, a MJ2, a serviço da Petrobras. O caso, que aconteceu em outubro do ano passado em Macaé, no Rio de Janeiro.
Os parentes das vítimas da empresa decidiram fundar a Associação Nacional dos Familiares de Vítimas de Acidentes de Trabalho na Petrobras (Anfapetro). A organização foi registrada em Suzano – cidade natal de Rafaela. Andreia Aparecida Martins, mãe da engenheira, também estava presente e foi nomeada presidente da Anfapetro.
No estatuto da Anfapetro, as famílias pedem a "obrigações de fazer referentes ao aprimoramento dos mecanismos de segurança e medicina do trabalho, e ao pagamento de danos morais coletivos e a demais medidas necessárias à coibição de eventuais eventos semelhantes e à reparação dos lesados".
"Exigir a apuração, em todas as esferas trabalhistas, administrativas e judiciais [cível e criminal], das causas que levaram à morte de seus familiares consanguíneos, por afinidade ou convivência estável, trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho fatais na Petrobrás", dizia outro trecho do documento.
Além da fatalidade sofrida por Rafaela, a morte de Diego Nazareth e Herbert Félix também motivaram o início da associação, cujo objetivo é resguardar outros empregados da Petrobrás.
Diego, de 38 anos; e Herbert, de 21, faleceram no fim de 2024, em uma das filiais da empresa, em Angra dos Reis. Na época, um terceiro operário sofreu uma fratura no pé. Todos chegaram a ser socorridos.
Ambos prestavam serviço de manutenção, para a empresa Olicampo, na estação de tratamento de efluentes do terminal, quando uma plataforma de acesso desabou. Na ocasião, foi instaurada uma comissão para apurar as causas do acidente.
Já Edilson Sérgio, de 54 anos, caiu de um navio da Petrobrás, a duas milhas náuticas da Ilha Campbell, no Estreito de Malaca, próximo de Singapura.
Ele trabalhava na área de armazenamento de tambores acima do convés principal quando sofreu uma queda de, aproximadamente, 6 metros de altura.
"Se trata da iniciativa das famílias das vítimas, porque tiveram quatro acidentes fatais nos últimos quatro meses, o que é, inclusive, inédito para essa empresa. Indica um afrontamento de normas de segurança e falhas generalizadas, tanto da Petrobras quanto da fiscalização de contratos com terceirizadas", reforçou Medeiros.
Reunião
O advogado afirmou que vai lutar por melhores condições de trabalho dos colaboradores da Petrobrás. "Os familiares dessas vítimas decidiram se reunir em uma associação para cobrar, não só da empresa, mas de todas as autoridades, para haver mais transparência nas investigações e para que a empresa reformule a sua política de segurança, para evitar que um novo trabalhador morra", pontuou.
Medeiros ainda destacou que a Anfapetro será importante para dar destaque na batalha por melhorias na segurança e proteção do trabalhador da Petrobrás. "A fiscalização, de modo geral, do poder público não evitou os acidentes. Agora, as famílias resolveram dar as mãos nesse momento de luto, para transformar esse luto em luta. As famílias vão, enquanto sociedade civil, de forma associada, brigar para que se tenha mais segurança nesse setor", concluiu.