No Dia Nacional dos Profissionais da Educação, comemorado hoje, o MogiNews/Dat ouviu professores e coordenadores de escola sobre os desafios e recompensas de atuar na área do ensino, bem como a falta de reconhecimento e valorização por parte do Poder Público e de parte da sociedade, especialmente nos últimos anos.
Para o sociólogo e professor universitário Afonso Pola, é preciso comemorar a data que, além de professores, também homenageia coordenadores pedagógicos, orientadores, supervisores e dirigentes regionais, entre outros atores que compõem o sistema de ensino. “Devemos festejar todos aqueles que desempenham funções que estão ligadas à formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos em todo o país, tornando-os cidadãos conscientes e comprometidos com a transformação da sociedade em um espaço inclusivo, justo e democrático para todos”.
Segundo ele, o dia deve ser encarado como uma oportunidade de reflexão sobre a postura de alguns segmentos sociais para com os profissionais da Educação. “Eles, que em outros tempos foram extremamente respeitados, passaram a ser perseguidos e vitimados pela doença social chamada de fake news. O chamado movimento ‘escola sem partido’ se tornou a expressão máxima disso”, avaliou Pola, referindo-se ao movimento que se coloca como representante de pais e estudantes contrários ao que chamam de “doutrinação ideológica” de esquerda nas instituições de ensino.
Para a coordenadora Soraya Aparecida Leite da Silva, que atua na rede municipal de ensino de Suzano, os profissionais de Educação precisam ter seus direitos garantidos não apenas na lei, mas também na prática. “O Brasil é um país desigual, e na Educação isso fica ainda mais evidente, para o aluno e para os professores. Nós temos uma carga horária reservada, por exemplo, para nossa formação, mas esse direito não é respeitado, seja para o professor, diretor ou auxiliar. Muitas vezes a escola não oferece nem estrutura para que o profissional possa cumprir esse horário de capacitação que é importantes para melhorar a qualidade do nosso trabalho sempre”, pontuou.
A estudante de Pedagogia Karoline Baptistucci Predolin, destaca a importância dos profissionais da educação. “Esse processo de formação e convívio com profissionais da área, e no ambiente educacional, só reforçam para mim o quão importante é um profissional de educação na nossa sociedade. A escola é um organismo vivo. Todos os dias surgem situações diversas, questões que cobram, não só do professor, mas de toda equipe pedagógica uma postura que conduza da melhor forma essas questões, para que o aluno consiga cumprir seu papel em sala, que é o de ter direito a uma aprendizagem de qualidade”.
Para ela, os desafios da área são grandes, assim como as recompensas. “Por muitas vezes o professor precisa ser ouvinte e conselheiro, analisar o que cada aluno precisa ter/ser para estar confortável e depois avançar para o processo de ensino/aprendizagem é trabalhoso e demanda tempo. Há também a falta de alinhamento e precisão de instituições externas que dão suporte para que o professor consiga executar sua função com eficácia, sem falar no que já sabemos a falta de valorização que a classe vem sofrendo há muito tempo”.
A contrapartida de toda essa carga de trabalho e obstáculos a serem superados, segundo a estudante, é ver que o aluno está progredindo e transformando sua realidade. “É gratificante o carinho e admiração que eles demostram pelo simples fato de você está ali mostrando o mundo e suas possibilidades”, finalizou.