Contrárias a instalação de sistema de pedágio nas rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga, quatro entidades se manifestaram sobre o assunto nos últimos dias por meio de notas de repúdio endereçadas ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Todas destacam os prejuízos que a medida vai trazer para Mogi das Cruzes e região, e criticam a atual gestão estadual.



Assim como na primeira vez que o pedágio foi cogitado em 2021, a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Mogi (AEAMC) apontou os reflexos negativos da cobrança, como o aumento no preço de produtos e serviços do comércio, das indústrias e da agricultura, queda na geração de emprego, além da elevação do custo de vida dos moradores da região da Serra do Itapety e dos que utilizam a rodovia Mogi-Dutra todos os dias para ir trabalhar ou estudar.


“A rodovia foi construída com recursos financeiros de todos os mogianos, não será justo pagarmos para transitar em uma via construída por nós, uma avenida que interliga o centro da cidade a bairros muitos populosos e afastados, bem como a entrada e saída desta cidade. O governador Tarcísio de Freitas, quando sua vinda em campanha a esta cidade, disse que não iria implantar o pedágio. A população mogiana acreditou em sua palavra e o elegeu, e após a vitória, houve um esquecimento de sua parte perante a promessa”, destacou a entidade, em nota assinada pelo presidente Mauro Rossi.


Apeoesp

A subsede de Mogi do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) também relembrou a promessa do político de não implantar a cobrança, “O governador é um grande mentiroso. Um verdadeiro ‘Pinóquio’. Na campanha eleitoral do ano passado, andava dizendo que não iria ter pedágio em Mogi, só para ganhar as eleições. O povo de Mogi e da região não aceita essa imposição desse governador que não conhece a nossa realidade”.


A entidade destacou os transtornos que serão causados aos moradores que vivem no entorno das duas estradas. “Do lado da Mogi-Bertioga, moram, no mínimo, 40 mil pessoas. Do lado da Mogi-Dutra, mora outro tanto que vem para a cidade levar o filho no médico, ir para a escola ou ir trabalhar e vai pagar o tal pedágio. Tem gente que faz esse percurso mais de três vezes ao dia. Professores dão aulas em escolas que necessitam utilizar as duas estradas e irão pagar pedágio no seu próprio município”, pontuou.

De acordo com a Apeoesp, o que pode de fato derrotar o governador Tarcísio de Freitas “é a mobilização popular, nas redes sociais e principalmente nas ruas, nas praças e nas rodovias”. 


Sindicato Rural

Como representante dos agricultores, o Sindicato Rural também se manifestou sobre o assunto e relembrou que Mogi, conhecido também como Cinturão Verde do Estado, é responsável por grande parte da produção de alimentos e abastecimento das cidades. 

“Nossos produtos deixarão de ser atrativos aos compradores devido ao pedágio, ocasionando perda de competitividade com outros mercados, podendo ainda levar a falência de muitos agricultores, perda de postos de trabalho, e desestímulo à agricultura na região. Portanto, esperamos que o governador Tarcísio de Freitas possa conhecer melhor a nossa região e que cumpra sua promessa de campanha de não se instalar um pedágio em nossa cidade”, ressaltou o presidente da entidade, Fabio Kazunori Dan.


O Instituto de Desenvolvimento da Horticultura no Estado (APHORTESP), por sua vez, representado por Marcio Hasegawa, defendeu que “a implantação de cobrança de pedágio nas rodovias impacta severamente a dinâmica comercial na região, o recebimento de insumos, máquinas, equipamentos e embalagens, serão acrescidas de valores”. Segundo ele, o escoamento da produção agropecuária, que diariamente abastece a Região Metropolitana de São Paulo e Litoral também deverá repassar os custos.


“Sendo de conhecimento amplo o cenário econômico atual e o recente aumento exponencial dos custos de produção, não há mais espaço nos preços para reajustes, muito menos nas planilhas de produção para absorver mais custos”, acrescentou o presidente.