A insuficiência istmocervical (IIC), conhecida também como incompetência istmocervical, consiste em uma debilidade do colo de útero que, uma vez mais curto que o normal, não consegue suportar o peso do bebê durante a gravidez, dilatando antes da hora e tendo como resultado o aborto tardio ou parto prematuro.
Segundo o Instituto Barini, mulheres com IIC raramente têm sintomas, fazendo com o problema só seja identificado com o nascimento antecipado do bebê. Por isso, o dia 15 de junho foi estabelecido como o Dia da Conscientização Insuficiência Istmocervical, em alerta aos riscos e cuidados a serem tomados.
A auxiliar de enfermagem Gabriela Moreira, 28 anos, por exemplo, teve duas gestações interrompidas por conta da IIC. Ela descobriu ser vítima do problema durante a primeira gravidez, quando teve de ir ao hospital por ter entrado em trabalho de parto com 21 semanas de gestação. "Para mim foi assustador, pois nunca tinha ouvido falar sobre essa doença. Eu simplesmente cheguei já tendo meu bebê na maternidade, e ouvia os médicos dizendo que já não havia o que fazer. Era um aborto tardio", disse.
Gabriela conta que antes do ocorrido, tinha sintomas, como sangramento, dor lombar e corrimento, mas a médica dizia que era normal. No ano passado, ela engravidou novamente e fez o procedimento de cerclagem uterina simples, acompanhada de um obstetra.
"Fiz repouso relativo e usei progesterona, porém, para minha surpresa, com 25 semanas meu colo abriu. A cerclagem não segurou. Novamente entrei em trabalho de parto. Meu bebê nasceu e viveu apenas 4 dias", lamentou.
Agora ela espera poder fazer a cerclagem definitiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já que o convênio não cobre, mas destacou a dificuldade que teve em encontrar obstetras realmente qualificados para atendê-la. Por fim, alertou para que as mulheres grávidas, ao identificar os sintomas, recorram a um médico de confiança.
Insuficiência Istmocervical
As doutoras Danysa do Nascimento e Gabriela Nogueira, ambas obstetras, destacam que o problema chega a atingir nove a cada cem mulheres. "Sempre na primeira consulta de pré-natal, conversamos sobre o histórico da paciente, gestações anteriores, e procedimentos ginecológicos para identificar o risco", afirmaram. Assim, segundo elas, é possível identificar o IIC em mulheres que já tenham o diagnóstico de outra gestação, partos prematuros, abortos tardio, curetagem prévia, ou alguma cirurgia ou procedimento realizado no colo do útero.
O diagnóstico é realizado com ultrassom transvaginal juntamente com os ultrassom morfológicos, de acordo com as médicas. Neste exame é realizada a medida de colo uterino, e através desse valor é feito o diagnóstico.
Elas explicam que o procedimento mais indicado após a verificação da IIC é a cerclagem uterina, "que seria como amarrar o colo do útero para ele não afrouxar". A cirurgia é feita entre as primeiras 11 e 14 semanas de gestação, pouco após o primeiro ultrassom morfológico do primeiro trimestre. As médicas ressaltam ainda que hoje existem outros tratamentos, como a progesterona, que é um hormônio que ajuda a evitar partos prematuros, e o pessário vaginal, "que é uma rosquinha de borracha usada para segurar o colo". Há ainda a "cerclagem abdominal, que seria como amarrar o colo do útero pela barriga".
"A mulher pode ter um parto normal, se for da vontade dela sem problema algum. Se entrar em trabalho de parto ou ocorrer a ruptura da bolsa, a cerclagem deve ser retirada para evitar que o colo do útero rasgue. Se correr tudo bem durante o pré-natal, a cerclagem é retirada com 36 semanas e seguimos com o pré-natal até o momento do parto", disseram.
Danysa e Gabriela alertam ainda que é preciso fazer abstinência sexual e relativo repouso pélvico, e que todos os passos devem ser acompanhados pelo médico para a tomada de decisão específica sobre cada caso.
*Texto supervisionado pelo editor.