Abrangendo 15% do território nacional, a Mata Atlântica é um dos mais importantes biomas do país, mas que historicamente sofre com contínuos desafios como o desmatamento, tendo perdido 90% de seu território original, segundo dados da Fundação S.O.S Mata Atlântica. No Alto Tietê, a preservação também preocupa especialistas da área ambiental.
Neste dia 27 de maio, voltado para conscientização sobre o bioma e para a preservação de sua fauna e flora, a reportagem do Mogi News/Dat entrevista o doutor em Geociências e Meio Ambiente e mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, Pedro Tomasulo, primeiro pesquisador a estudar sistematicamente a vegetação da Serra do Itapety em Mogi das Cruzes.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o bioma abriga cerca de 20 mil espécies vegetais, aproximadamente 35% do total do país, e pouco mais de 2 mil espécies de animais, como anfíbios, répteis, peixes, mamíferos e aves, mas a expansão urbana desordenada ainda é uma ameaça ao ecossistema, como explica o ambientalista.
"Mogi das Cruzes é uma cidade maior, com área urbana grande e em fase de expansão. Aqui a poluição do rio Tietê se agrava, suas várzeas estão muito alteradas e os remanescentes de mata vêm encolhendo gradativamente. Penso que o município perdeu a oportunidade para protagonizar uma contribuição mais efetiva no que diz respeito às políticas públicas voltadas para a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos", destacou Tomasulo.
Para o pesquisador, um dos motivos para o processo de degradação na região, se dá pelas pressões expansionistas que reverberam da capital. Apenas Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema ainda conseguem apresentar uma melhor condição da mata.
Tomasulo comenta que há confirmações científicas de que não conseguiremos evitar que o planeta sofra muito com as consequências do aquecimento climático, que já é considerado irreversível. "As negociações em pauta atualmente versam sobre como podemos mitigar os efeitos catastróficos de tal aquecimento. Certamente o estado atual da nossa 'Arca de Noé' é preocupante, claro!", alertou.
A preservação das áreas remanescentes de floresta na região, segundo o pesquisador, contribui efetivamente não apenas para os esforços no combate aos efeitos do aquecimento do clima, mas também para o ecoturismo e para a conservação da biodiversidade. Uma forma de preservar, de acordo com Tomasulo, o número de espécies vivas que habitam e realizam seus nichos ecológicos nos ecossistemas que a Serra do Itapety e Serra do Mar ainda ofertam.
Legislação
Na última quarta-feira (24), o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) 1150/22, que preocupa entidades de preservação ambiental como a Fundação SOS Mata Atlântica. O texto altera a Lei da Mata Atlântica (11.428/06) e permite o desmatamento de áreas para fins energéticos, como linhas elétricas e gasodutos ou para fornecimento de água, dispensando um estudo prévio de impacto ambiental e exigência de compensação ambiental.
Em trecho, a nova MP também viabiliza o desmatamento de vegetação secundária que esteja em estado médio para fins públicos. Assim, a retirada da mata poderá ser feita mesmo que haja alternativa técnica ou outros locais para se fazer o empreendimento em questão. O texto agora segue para sanção ou não da Presidência da República.
*Texto supervisionado pelo editor.