Em tempos de "fake news" e muita informação circulando pelas redes sociais, o trabalho do jornalista ganha ainda mais peso, especialmente quando se leva em conta a importância de ter uma população bem informada e atenta aos seus direitos. Com forte papel social, o jornalismo, de acordo com sociólogo Afonso Pola, "é vital para a sociedade e tem um papel fundamental na manutenção da Democracia e na promoção da justiça social".
No Dia do Jornalista, instituído em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830, o Grupo Mogi News entrevistou profissionais da área e também de outro setores que destacaram a importância dessa profissão ao longo da história e também nos dias atuais, em um momento onde as redes sociais ganham cada vez mais espaço, assim como a circulação de informações sem apuração.
Segundo Pola, para que se entenda a relevância do trabalho jornalístico, é preciso lembrar que entre os preceitos básico da democracia estão a liberdade de expressão e a transparência das informações. "O
jornalismo é responsável por garantir que a população tenha acesso à informação precisa e objetiva sobre o que está acontecendo em sua comunidade e no mundo. E sempre que o jornalista desempenha sua função com ética, ajuda a manter a integridade da democracia", destaca.
Para a jornalista e professora universitária Simone Leone, o jornalismo é essencial para a sobrevivência do Estado democrático de direito e a construção de uma sociedade mais democrática. "Déspotas, tiranos, ditadores, fascistas, têm horror ao jornalismo, e aos seus profissionais, porque se acham acima de tudo, odeiam prestar contas dos seus atos como agentes públicos e não aceitam ser questionados por perguntas incômodas que os jornalistas fazem, e têm o dever e a obrigação de fazer - porque jornalismo não é oba-oba nem bajulação", pontuou.
Ela destacou ainda a importância de se formar cada vez mais profissionais devidamente capacitados para apurar e divulgar notícias de forma responsável e ética. "Uma pessoa bem informada exercerá melhor a sua cidadania, terá condições, inclusive, de reivindicar melhores condições de vida e buscar seus direitos. E cabe aos profissionais jornalistas fazerem essa mediação; buscar a informação de interesse social e da coletividade, onde ela estiver, e levar aos cidadãos, com atuação baseada em princípios que incluem responsabilidade e honestidade, com atuação profissional técnica e, sobretudo, ética e de credibilidade".
Para o presidente da 55ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Suzano), Fabrício Ciconi Tsutsui, o exercício adequado da profissão de jornalista permite que a população tenha acesso à informação, que um direito garantido pelo inciso XIV do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. "Nos dias de hoje, quando somos bombardeados com tantas informações de variadas procedências, o jornalista é aquele que elucida o que é real e o que não é, objetivando o fim da desinformação e, por vezes, desmascarando a má intenção de quem propaga notícias falsas deliberadamente".
Redes sociais e tecnologia
Com o avanço das redes sociais e das fake news, Simone alerta para a necessidade de apuração dos fatos noticiados, trabalho esse que somente um jornalista formado é capaz de fazer. "Hoje em dia, qualquer pessoa com um celular produz e divulga conteúdos, áudios, vídeos, fotos, escreve de qualquer jeito, e 'joga na rede', em questão de segundos. Sem qualquer tipo de apuração, investigação, depuração, muito menos preceitos éticos e responsabilidade. Tem ainda fake news produzidas especificamente para causar danos, de propósito; elas nunca são inocentes. Utilizam, Inclusive, a 'roupagem' do jornalismo, têm cara de notícia de jornal ou de TV, justamente para confundir e enganar o público menos atento, menos informado ou mais suscetível a acreditar naquilo que mais se aproxima de suas crenças".
Ela destaca também que é diante desse cenário caótico que se deve valorizar o trabalho jornalístico sério, correto e honesto e incentivar a formação de novos jornalistas atentos as inovações tecnológicas e as novas formas de manipulação. "Elas surgem em velocidade cada vez maior - como ferramentas de Inteligência Artificial, que conseguem criar e carregar conversas, conteúdos, interações e comunicações em um nível quase humano, para o bem e para o mal. Os jornalistas, as novas gerações, precisam se preparar para a nova revolução que vem por aí na Comunicação", finalizou.