Hoje, dia 15 de novembro, é comemorado o Dia da Proclamação da República, que aconteceu há 133 anos. Em entrevista ao Mogi News/DAT, o sociólogo e professor Afonso Pola contou o que motivou a República, e os principais desafios do país hoje e para os próximos anos. Segundo Pola, a Proclamação da República foi resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a Monarquia: "No caso dos militares, a insatisfação estava relacionada a salários e à carreira, além de exigirem os direitos de expressarem suas opiniões políticas, o que tinha sido proibido pela Monarquia. Pelo lado dos civis, os grupos exigiam maior participação política pela via eleitoral".
O movimento, de acordo com o professor, ganhou força com a questão abolicionista: "Essas ideias começaram a ganhar espaço na sociedade brasileira na medida que os filhos dos mais ricos iam estudar na Europa e tinham contato com essas teses liberais. O movimento abolicionista começou a ganhar corpo a partir do retorno desses homens que iam estudar fora".
Além do fim do império, com a República, Pola explicou que os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) passaram a funcionar de forma conjunta, o poder foi descentralizado, e foram implantados o federalismo e o sistema eleitoral, embora com deficiências na forma de votação da época. "O critério censitário, que garante o direito de voto, foi abandonado, mas continuou muito restrito: apenas homens de, pelo menos, 21 anos podiam votar", disse. O sociólogo citou períodos conturbados para a democracia brasileira, dizendo que, de tempos em tempos, interrompidas por governos autoritários, como entre 1964 e 1985.
Pola acredita que, atualmente, o Brasil vive a maior crise institucional de todos os tempos: "Estamos num processo onde existe a combinação de três crises: a econômica, a institucional e a social". O sociólogo também diz que alguns problemas apresentados na democracia brasileira se agravaram durante a crise econômica, que perdura desde 2015, e depois com a pandemia de Covid-19, principalmente na relação entre os três Poderes. "Nós temos muitos desafios pela frente, principalmente para restabelecer a crença nas instituições para que a democracia sobreviva. Talvez o maior desafio que temos agora é promover a pacificação do país e promover a volta do equilíbrio dos Três Poderes. Não temos outra saída para fortalecer a nossa democracia", finalizou.
*Texto supervisionado pelo editor.