Mogi - Em duas décadas, a Associação Sinfônica de Mogi das Cruzes saiu de uma ideia para se tornar a realidade de mais de 10 mil estudantes da rede municipal de ensino, além da formação de diversas bandas reconhecidas nacionalmente. Lélis Gerson, maestro da Sinfônica, destaca a trajetória do projeto, suas conquistas e desafios para o futuro.

Com 20 anos completados em 11 de setembro, o Maestro Lélis contou que a iniciativa teria começado, em 2001, quando a cidade contava com fanfarras e bandas marciais. "Fui procurado sobre uma proposta que foi apresentada ao prefeito na época, Junji Abe, para uma apresentação no aniversário da cidade. Caso a apresentação fosse bem-sucedida, teríamos os recursos para começar a criação de uma orquestra. Estudava música em São Paulo, aceitei o desafio e em 15 dias montamos um grupo com base em um projeto social desenvolvido em uma igreja da cidade. A partir daí, conseguimos o compromisso do prefeito, e em 2002 toda a documentação foi concluída e começamos o trabalho da associação", contou.

Com a criação da Associação, outras iniciativas começaram a se somar, inspiradas em outros modelos. Um exemplo era o projeto "Canarinhos do Itapeti", aliado ao modelo do projeto "Guri Cidadão", que acompanhou o cantor e compositor Guilherme Arantes em apresentação na cidade no início dos anos 2000. "Começamos a selecionar alunos dos Canarinhos do Itapeti para aulas de música, onde começou a Orquestra Minha Terra Mogi. Fomos evoluindo para a Orquestra Jovem de Mogi, que possui um currículo valioso com grandes nomes da nossa música como Elba Ramalho, Guilherme Arantes, Toquinho, Daniel e outros. Hoje temos um trabalho na rede municipal com 10 mil alunos, em 22 escolas, além de 15 bandas escolares - uma delas, a do Cempre Limongi (no Botujuru), conquistou o bicampeonato nacional em Lorena (SP) recentemente", lembrou Lelis.

Sobre a criação da infraestrutura para os ensaios, principalmente no que se refere aos instrumentos musicais, o trabalho foi realizado em diversas frentes, segundo o maestro, incluindo parcerias com a comunidade e doações vindas do exterior. "No início, conseguimos uma parceria com uma universidade dos Estados Unidos para a doação de instrumentos. Tivemos empresários de Mogi que promoveram doações, além do apoio da Prefeitura pela Cultura e pela Educação. Cada escola conta com seu kit para ensaios, que ocorrem nas escolas, mas os alunos mais avançados começam a investir em seus próprios equipamentos", explicou.

Para além das apresentações, Lélis Gerson aponta como maior conquista da Associação Sinfônica o alcance social. Ele lembra uma conversa em 2013 com um ex-aluno do projeto que se tornou professor de música: "Um certo dia ele falou algo que me emocionou muito: 'Talvez, se não tivesse seguido o caminho da música, estaria preso ou no cemitério', ele me contou. Todos os eventos e momentos com personalidades da música foram maravilhosos, mas este momento eu jamais esquecerei".

A programação de fim de ano da Associação contará com apresentações em Mogi das Cruzes e Guararema para as celebrações de natal, além de um novo projeto para 2023, com apresentações nos bairros da cidade. "Convidamos a comunidade a nos acompanhar no Facebook e Instagram para prestigiar o trabalho que realizamos", concluiu o maestro.