Após denúncias sobre a exoneração de Renato Antonio Bolsonaro, irmão do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), de seu gabinete por ser um suposto "funcionário fantasma", o deputado estadual André do Prado (PR) conversou ontem com o Mogi News e negou que seu antigo assessor especial parlamentar não trabalhasse e detalhou as atividades desenvolvidas por ele, que cuidava da atuação do político no Vale do Ribeira.
De acordo com matéria exibida no telejornal "SBT Brasil" na noite de anteontem, o irmão de Bolsonaro, que reside em Miracatu, no interior de São Paulo, e possui quatro lojas de móveis, era funcionário no gabinete do deputado na Assembleia Legislativo do Estado (Alesp) e recebia salário de R$ 17.555 por mês. Apesar disso, de acordo com a reportagem, o assessor não trabalhava nem aparecia na Alesp.
A reportagem do "SBT Brasil" acompanhou o dia a dia do irmão de Bolsonaro por mais de duas semanas. De acordo com as imagens apresentadas na matéria, ele passava todos os dias trabalhando em suas lojas. Na última quinta-feira, o Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou sua exoneração do cargo de assessor, mesmo dia em que a reportagem foi ao ar.
Outro lado
Segundo Prado, as informações da matéria não são verdadeiras, já que Bolsonaro trabalhava, sim, como seu assessor. Entre as cidades em que ele atuava como coordenador, sendo 20 no total, estão Miracatu, Cajati, Cananeia, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida e Itariri. Suas atribuições eram, entre outras coisas, "identificar as principais demandas e necessidades da região do Vale do Ribeira, além de executar projetos e ações em benefício da população desta localidade e aproximar lideranças e representantes de entidades junto ao mandato parlamentar."
Outro fator que comprova o trabalho do ex-assessor no Vale do Ribeira, ainda segundo o deputado, é o reconhecimento, por parte da população, do trabalho do parlamentar. "Lá dobrei minha votação de quase 5 mil (1º mandato) para mais de 10 mil votos (2º mandato). Número bem expressivo e que só pode ser alcançado por uma presença expressiva nestes municípios, seguido de intensa atuação".
Sobre a carga horária que Bolsonaro cumpria na Alesp, Prado explicou que ele tinha sua jornada de trabalho conforme disciplina o artigo 2º, parágrafos 2º e 3º, da Resolução 806, de 2000. Ainda assim desenvolvia atividades do mandato fora do horário de expediente. "Ele cumpria a jornada completa designada, mesmo que em dias e horários alternativos, sua frequência está em consonância com o que é previsto na legislação", completou.
Sobre sua exoneração, a justificativa é que o irmão do deputado federal deixou de trabalhar para o gabinete no último dia 4 e que ele mesmo solicitou o "desligamento com objetivo de iniciar projetos particulares".