No final do século 19 Nietzsche falou do niilismo passivo, que o máximo da descrença na cultura é quando não há mais líderes, apenas rebanho. As redes sociais de amigos não ajudam a desenvolver a inteligência complexa necessária para o mundo contemporâneo.
Aí surge o "fascismo do bem": a gente joga bomba em nome do bem, espanca em nome do bem, mata em nome do bem - segundo a psicanalista Viviane Mosé, doutora em Filosofia pela UFRJ. A sociedade está moralmente cada vez mais confusa, convive no mundo da multiplicidade das verdades relativas.
O relativismo retirou do caminho das pessoas as balizas indicativas do certo e do errado, do bem e do mal, e nas encruzilhadas da vida não conseguem discernir as diferenças essenciais para escolher a direção certa em seu caminhar diário, individual e socialmente.
No seu livro "As Pequenas Virtudes", a escritora italiana Natália Ginzburg opina que os pais se preocupam mais em ensinar as pequenas virtudes aos filhos, em vez das grandes. A grande virtude é valorizar a vida, a tua e a dos outros. Visto na televisão, o depoimento de um marginal é assustador: "Eu acho mais fácil matar e depois roubar do que roubar sem matar, pode haver resistência, e depois, denúncia". A decadência da cultura se deve ao seu niilismo, ela não valoriza a vida. Quais são as grandes virtudes? Existir, viver, compartilhar, se solidarizar.
Não adianta dizer para não jogar lixo no chão, devemos intrinsecamente gostar de limpeza, ela se liga a cultura da higiene que nos dá saúde e beleza, e daí vamos ter o lixo na lixeira. É comum haver proibição sem explicar a razão. Um ato só é grande se estiver envolvido num valor maior, que é proteger o ser humano.
A nossa decadência é mais espiritual do que material. A crise do nosso país não é tanto econômica quanto é muito mais moral e espiritual. Faltam-nos lideres políticos honestos e capacitados que possam ocupar cargos no governo. A maioria dos que estão lá não amam a Deus e nem o próximo, são amantes de si mesmos.