Encerrando a temporada 2023 do Café com Mogi News nesta terça-feira (12), uma entrevista especial com o gestor, atleta do Futebol de Amputados que atua no time Corinthians Mogi, e é o maior artilheiro do mundo da modalidade com mais de 600 gols ao longo da carreira: Rogerinho R9. Natural de Mogi das Cruzes, o jogador tem uma má formação congênita e nasceu sem a perna esquerda. No esporte, ele encontrou sua motivação e se tornou um dos principais atletas de sua modalidade. Na entrevista, com apoio da padaria Tita, o atleta conta sua trajetória inspiradora e fala sobre seus projetos. Apenas em 2023, foram quatro títulos conquistados com sua equipe e quatro artilharias. 



Café com Mogi News: Conte um pouco da sua história, onde você nasceu, como foi sua infância.
Rogerinho R9:
Sou nascido e criado aqui na cidade de Mogi das Cruzes. Nasci na verdade no bairro do Mogi Moderno. Tive uma infância muito diferente das outras crianças. Para quem não conhece um pouco da minha história ainda, a minha deficiência é uma má formação congênita e eu nasci sem a perna esquerda. Naquela época, a minha mãe e o meu pai não estavam preparado para receber uma criança com deficiência. Foi uma surpresa e ao mesmo tempo foi uma alegria ter me recebido naquele momento. Eu tive uma infância diferente, mas ao mesmo tempo, eu tenho que agradecer o meu pai e a minha mãe por terem me capacitado, por terem me ensinado, e terem feito eu ser uma criança normal.

Quando eu digo uma criança normal, eu falo, podendo fazer outras coisas que qualquer outra criança poderia fazer. Comecei andar apenas com cinco anos de idade, e meus tios e tias falam que naquela época todo mundo queria ficar com o Rogério na mão, no colo, o Rogério vivia engatinhando ou pulando. Aos 5 anos de idade, através de um amigo do meu pai, que ficou sabendo da minha história de vida, ele doou um par de muletas. Meu pai me ensinou a andar e eu não parei mais. Foi algo que me ajudou a fazer as coisas independente de alguém estar ali comigo ou não.



CMN: Conte como começou a sua jornada no Futebol de Amputados. Eu vi que primeiro você se arriscou no vôlei sentado e depois você teve essa mudança para o futebol, como foi?
Rogerinho:
Na verdade, foi bem bacana. Eu não sabia nada do universo da pessoa com deficiência. Eu estava andando aqui em Mogi, no calçadão, e o professor Ronaldo me fez um convite para fazer parte do vôlei sentado. Naquele momento, eu não tinha nem sabia que existia essa modalidade e eu falei para ele: 'não, eu gosto de jogar futebol', e ele falou: 'tem o Futebol de Amputados'. Ele me explicou que era  um futebol feito para pessoas amputadas, existe Campeonato Brasileiro, Seleção Brasileira. Passou uma semana e eu fui conhecer o vôlei sentado, vi que existia essa modalidade e existia já alguns atletas desse projeto. 

Foi bem interessante, porque ele me apresentou para a galera e ele estava precisando de atletas para uma compor a equipe, porque naquela época o vôlei sentado tinha virado paralímpico e precisava ter atletas para formar a Seleção Brasileira de Vôlei, então tinha que ter um time para participar de campeonatos. Ele falou que depois que acabasse o vôlei teria o futebol. E aí eu falei: 'poxa, o cara vai ficar chateado comigo se eu não participar'. Eu sentei lá, comecei a entender o que era o vôlei sentado. Foram alguns anos jogando vôlei sentado e o futebol. 

Naquele meu primeiro ano, depois de quatro meses, ele me levou para o Rio de Janeiro e lá eu descobri a minha modalidade. Descobri o universo do Futebol de Amputados, que realmente existia a Seleção Brasileira. Comecei a participar, tive o meu primeiro campeonato. Isso foi muito bom para realizar o meu sonho de criança que era chegar numa Seleção Brasileira e me tornar um jogador. Foram cinco anos fazendo vôlei e o futebol. Eu fui campeão brasileiro, paulista, várias taças...

Não joguei na seleção de vôlei porque eu não gostava 100% daquela modalidade. Aquela modalidade me ajudou a me tornar um atleta. Eu entendi o que era ser um atleta, como que eu poderia chegar numa Seleção Brasileira. E depois de cinco anos eu decidi parar de jogar o vôlei sentado e focar no futebol, porque eu vi que fazendo as duas coisas eu não estava conseguindo almejar o que eu queria, que era chegar na Seleção Brasileira de futebol. Então eu foquei ali, e comecei a me dedicar mais. Eu agradeci ao professor Ronaldo e segui minha carreira no futebol. 


CMN: Fale um pouco dos campeonatos que você participou. Eu vi que você chegou a jogar na Seleção Brasileira e antes teve a Copa América, que era uma coisa que você já estava almejando.
Rogerinho:
Quando eu entrei na modalidade, eu comecei a participar do Campeonato Brasileiro. Comecei a ser a artilheiro, vice-artilheiro de todos os anos. No começo da minha trajetória, existia apenas um campeonato ao longo do ano e treinamentos com a Seleção Brasileira. Em 2009, foi feita a primeira Copa América na Argentina e foi a primeira vez que eu fui convocado para a Seleção Brasileira. Ali eu consegui realizar o meu sonho. 

Na verdade, por todas as dificuldades que eu passei de preconceito na minha infância. Eu passei por muitos momentos de pessoas apontando o dedo e fazendo piadinhas como “aleijadinho”, “Saci Pererê” e outras coisas que me magoavam muito. A minha mudança de vida e de personalidade foram quando eu descobri o esporte. Quando descobri que existiam pessoas que sofreram amputação ao longo da vida, pessoas que tiveram uma doença ao longo da vida e conseguiram vencer. Eu não tinha contato com essas pessoas, eu vivia no meu mundo. Então, quando na minha infância acontecia esse tipo de situação, eu me fechava, ia para casa, me revoltava. Eu não queria fazer as coisas, e minha mãe vinha com outro ensinamento, ela sempre falava: 'Filho, você não é esse tipo de pessoa. As pessoas não sabem o que estão falando de você'. 

Quando eu cheguei na Seleção Brasileira eu pude realizar o meu sonho. Foram oito anos para chegar numa Seleção Brasileira foram oito anos em que estudei a modalidade, comecei a entender as dificuldades. Depois de ter ido pra Argentina, ser campeão, voltei como artilheiro para a minha cidade. Eu vi ali o dever de montar um projeto social para ajudar pessoas, porque eu entendi que existiam várias pessoas, e ainda existem, que infelizmente tem uma amputação ou passam por uma doença e perdem um membro, e às vezes não tem uma oportunidade de ter uma segunda chance, de fazer um esporte ou mesmo de voltar para a sociedade e para as suas atividades. Então quando eu voltei para Mogi, eu voltei decidido a montar um projeto social para ajudar essas pessoas.


CMN: O Rogério tem um instituto chamado Rogerinho r9, que busca ampliar e oferecer oportunidades para pessoas com deficiência, através do esporte. A ideia de criar esse instituto veio através da sua trajetória?
Rogerinho:
Sim, na verdade foi através disso. Quando eu conheci o esporte e comecei a ter contato com outras pessoas do Brasil, eu comecei a entender a dificuldade da minha modalidade. E depois eu comecei a entender que o esporte para pessoas com deficiência no Brasil era pouco divulgado. A gente venceu um pouco agora, mas antigamente era muito menos. Só para vocês entenderem, eu jogava vôlei. Parei de jogar o vôlei e fui para Santos, onde existia uma equipe que realmente só treinava futebol. Então eu pensei: 'Para eu chegar numa Seleção Brasileira, eu tenho que me dedicar mais, treinar mais, eu tenho que ter um time de futebol'. Então eu fiquei durante dois anos saindo de Mogi todos sábados de manhã e chegando à noite na Baixada Santista para treinar. Isso foi muito bom para mim e a minha evolução como atleta. 

E eu falei: 'Poxa, tem uma equipe em Santos, e Mogi é uma cidade muito grande e próxima a São Paulo, quantas pessoas amputadas vamos conseguir ter para montar mais uma equipe e também ajudar a alavancar a modalidade que era pouco divulgada?'. Quando voltei para Mogi, eu já conhecia dois atletas que moravam na cidade. Fui até eles e falei que queria montar um projeto social, um instituto que, na verdade, não seria só jogar futebol, mas sim ajudar a voltarem para o mercado de trabalho, e voltarem a ter a oportunidade de ter uma vida tão boa quanto antes. 

Mostrei para eles que existia a Seleção Brasileira, um campeonato todo ano, e que minha ideia não é era só treinar. Na época fiz uma estratégia, um cartãozinho, e entreguei vários para eles, e disse: 'Quando você vir uma pessoa amputada de perna ou braço, você entrega o cartãozinho e fala um pouco do projeto e tenta pegar o telefone ou o endereço'. Estava dando certo, comecei a ir atrás dessas pessoas, a ir nas casas onde me falavam que tinha um atleta. Eu ia até lá e me apresentava e também o projeto, convidando para fazer parte. 

Mas então começavam as dificuldades, do atleta e da família. Havia atletas que davam uma desculpa e tinha atletas que queriam, mas a família não queria, porque era algo novo, tanto na vida da pessoa amputada ou algo novo do esporte. Às vezes tinha atletas que nunca jogaram futebol, atletas que jogavam futebol e não se viam jogando com a muleta. Então foi um trabalho de “formiguinha”, um trabalho de paciência. Eu chamava, na semana mandava uma mensagem. Na outra semana, ele não ia, mas na outra eu ia atrás, e vencido pelo cansaço o atleta ia, e quando chegava no projeto, já tinha dois, três... A gente falava o que era, ele não saia mais e aquilo foi começando a crescer.


CMN: Quantas pessoas hoje fazem parte do projeto?
Rogerinho
: A gente tem 45, mas já ajudamos mais de 250 pessoas amputadas espalhadas pelo Brasil diretamente que entraram no nosso projeto e hoje servem em outros estados, outras equipes. No começo foi um pouco mais difícil, a gente demorou mais ou menos um ano para ter de 14 a 15 atletas e conseguimos depois firmar esses atletas e foi multiplicando e crescendo a ideia do Rogerinho foi sair de Mogi para o Brasil. 

Eu comecei a montar clínicas de futebol no Brasil, porque a gente começou a usar redes sociais, e apareceram atletas em alguns estados e eu falei: 'poxa e agora como a gente vai fazer?'. Eu ligava em Minas e conversava com um rapaz se dava para fazer uma clínica, levar uns atletas e fazer um jogo de exibição, reunir as pessoas amputadas e lançar uma semente e deu certo. O pessoal que foi e gostou e eu falei que era a vez deles irem para São Paulo e daquela semente nasceu um torneio. Isso era legal porque fazia com que os atletas treinassem. Então existia o Campeonato Brasileiro e existia o desafio São Paulo x Minas. Nós fomos para Goiás, Rio de Janeiro. No estado de São Paulo, nós começamos a fazer também e durante 10 anos e nós fomos crescendo a nível Brasil.



CMN: Então o projeto em si tem mais de 10 anos?
Rogerinho:
Temos! O projeto Futebol de Amputados Mogi tem 14 anos, alavancado, ajudando essas pessoas não só diretamente dentro de campo, mas fora de campo com parceria com faculdades e empresas.


CMN: Além do aspecto esportivo o projeto ajuda a melhorar a vida da pessoa com deficiência. Você ajuda a se inserirem no mercado de trabalho, voltar ao estudo que por alguma decorrência na vida a pessoa parou?
Rogerinho:
Na verdade desde o início o meu propósito com o projeto era ajudar as pessoas e não era ter um time para ser campeão. Eu sempre falo nas minhas palestras, nas equipes que eu tenho a oportunidade de ajudar, que o título é consequência de treinamento. O alto rendimento é treinamento, foco. Hoje nós trabalhamos com um projeto de inclusão social e a primeira parte é ajudar essas pessoas a quebrar o bloqueio do preconceito, ou que uma barreira impõe. Então o projeto vai mais além, fora do campo do que dentro de campo. Hoje nós temos parceria com algumas empresas que colocamos no mercado de trabalho, parceria com faculdade e a gente ajuda os atletas. 

A gente não impõe nada, mas a gente dá aquele leque de opções e, ao longo do tempo, conseguirmos identificar qual área o atleta deve ir para ele se dar bem. Conseguimos falar para eles que não é só jogar o futebol, mas que pode ter a rotina de vida normal, com a família dele, com amigos. Somos pessoas amputadas sim, mas diante desse fato, podemos estar em todos os lugares que imaginamos estar, e essa é a ideia do projeto e isso deu certo e viramos referência no Brasil pelo plano de trabalho e pela gestão. 

Se fosse para fazer só o alto rendimento, era fácil em termos, a gente capacitava porque ensinamos a pessoa a jogar futebol, damos o treinamento. Não é fácil chegar com uma muleta e correr atrás de uma bola, então a gente capacita esses atletas e quando chega 12, 15 atletas porque a nossa modalidade é o futebol society pode atender até 14 atletas, eu fecharia a porta, mas como eu poderia fazer isso sabendo que não existe possibilidade para essas pessoas jogarem em outro lugar? Diferente de uma escola normal com pessoas que não tem deficiência, se colocar um rapaz de 15 a 20 anos e não querer fazer na escola X, vai fazer na Y, porque tem opções. Eu sempre pensei nessas pessoas, por isso nós conseguimos levar para outros estados. O projeto em si dá um suporte por um tempo para depois essas pessoas caminharem sozinhas.


CMN: Além de artilheiro e gestor, você ainda é palestrante. O que você fala nas suas palestras?
Rogerinho:
Eu conto minha história de vida, a minha trajetória. O Rogerinho teve um momento muito difícil na vida, de preconceito, de não se aceitar, e de não conhecer nada sobre a pessoa com deficiência. Após eu conhecer esse universo, eu vi uma oportunidade de crescer como pessoa, como profissional, como atleta e como pai de família também, aquilo mudou muita coisa na minha vida. O esporte me deu um leque de opções que eu não tinha conhecimento, então na minha palestra, eu conto como é a minha história de vida no começo e aonde eu cheguei, no Jogo das Estrelas que eu consegui chegar, as pessoas famosas que eu tenho amizade, nos lugares que eu consegui ir. 

Eu mostro, na verdade, que Independente de você ser um deficiente ou não, se você trilhar um caminho correto, se você buscar as oportunidades, se você não desistir, você consegue alcançar. Eu costumo dizer que às vezes você se torna campeão uma vez e às vezes não é difícil você se tornar campeão em uma determinada competição, o difícil é você se manter por vários anos por você ter ali uma rotina, uma continuidade, uma meta.

Hoje eu ando fazendo os melhores jogos do Brasil, e foi através das oportunidades que eu tive, através das amizades que eu consegui fazer, do momento que eu estou lá fazendo aquele evento e eu não estou ali falando do Rogerinho, mas eu estou levando uma bandeira que é da pessoa com deficiência, da inclusão, da superação. Quando eu saio do jogo as pessoas falam: 'caramba! Parabéns pelo que você faz, com uma perna só você corre você está feliz, eu sou perfeito e às vezes reclamo.' Essa é a ideia, mostrar pra essas pessoas que poderia ser eu, que poderia ser o José, poderia ser o Clayton, poderia ser outra pessoa e as pessoas olharem para gente e não ver um deficiente mas uma pessoa normal e é aonde a gente quebra vários preconceitos e várias barreiras. Na minha palestra, conto um pouquinho de tudo e de todas as minhas áreas, passo uma mensagem positiva para essas pessoas.


CMN: Como foi esse ano para o Rogerinho, quais foram as conquistas que você teve ao longo de 2023?
Rogerinho:
Esse ano foi muito bom, produtivo. Em termos de competições, a gente participou de cinco competições, foram quatro títulos e quatro artilharias. Eu agradeço pelos meus amigos de time, pelo prêmio individual e fora isso alguns parceiros que a gente conseguiu ao longo do ano. Mais sete atletas que vieram fazer parte do projeto e outros saíram, e isso é legal porque antigamente não tinha essa rotatividade. Através de outras equipes tem  esse crescimento. 

Foi um ano muito bom, um ano em que algumas coisas que a gente planejou, nós conseguimos conquistar. A gente sempre trabalha nesse sentido de planejar ao longo do ano e correr atrás dessas metas, e não começar o ano e não ter nenhum objetivo. É isso que eu passo para os meu atletas, que a gente tem que sempre planejar as coisas para tentar realizar no decorrer daquele ano. Ás vezes não acontece mas é natural e a gente não pode se aborrecer. Só tenho a agradecer por esse ano produtivo. 


CMN: O que você está planejando para o ano que vem tanto para sua carreira quanto  para o Instituto Rogerinho?
Rogerinho:
Para o Instituto, a gente está querendo fazer uma parceria com AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Já tivemos uma sondagem para montar um projeto para crianças, e infelizmente temos muitas crianças que perderam um membro com o câncer e a gente tem que pensar nessas crianças também no sentido que não é um projeto de alto rendimento, não é esse o objetivo, mas é um projeto para mostrar para essas crianças que elas têm que voltar para a escola, que vai ter a dificuldade do amiguinho perguntando, a curiosidade e para os pais também verem que o esporte é uma ferramenta que ele conduz não só a saúde, mas a transformação de vidas.

A gente está tentando conseguir realizar para o ano que vem ajudar essas crianças, tem muitas que infelizmente que tem uma deficiência, e como a gente comentou aqui fazendo palestras nas escolas municipais, estaduais, escolas particulares e vai de 7 a 17 anos. Então para essas crianças, a gente consegue passar nas nossas palestras que a gente faz dentro das escolas, a parte do bullying e do preconceito, a parte da nossa trajetória e conseguindo aos poucos modificar essas crianças. 

Vou contar uma história. Eu entrei no ginásio para dar uma palestra numa cidade do interior, perto de Araraquara, acho que eram umas 800 crianças na escola. Eles foram entrando no ginásio e eu estava no meio da quadra com mais duas jogadoras, uma de freestyle e uma ex-jogadora futebol. Estavámos nós três e aquele barulho normal antes de começar. Encheu o ginásio e um menino veio me contar que quando chegou, ele falou para os amigos: 'olha o Saci Perere branco', e as crianças deram risada e isso é normal. 

Fizemos uma dinâmica diferente, 'um dia de vivência', e cada um dos três profissionais contaram sua história de vida e depois eles (os alunos) vem para a quadra com os atletas para fazer uma vivência, então freestyle, futebol feminino e eu fazia o Futebol de Amputados. Eu levei umas muletas e você fazia na pele e nisso a gente conta um pouco da história. Eu contei sem saber que ele tinha feito essa brincadeira e falei: 'às vezes você está na escola, dentro da sala de aula e você faz uma piada com o amigo, eu sofri várias piadinhas que eu era saci pererê, alejadinho e hoje graças a Deus eu consegui vencer todo esse preconceito, então eu falo para você que está ai dentro da sala de aula que respeite o seu amigo, porque às vezes ele não quer aceitar aquilo, você não sabe o que está acontecendo com ele. Você já se colocou no lugar de uma pessoa fazer uma piada com você?'. 

Ele veio chorando e eu não entendi nada. Ele me falou: 'tio, me perdoa porque quando eu entrei aqui no ginásio e não conhecia sua história, eu falei isso de você'. Eu falei que perdoava e ele não precisava falar mais nada, que o recado já tinha dado, então o fato era só perdoar. É bacana a gente participar desse tipo de evento para mostrar o quanto a gente consegue mandar informação para as pessoas, que às vezes não tem a informação de como é falar com uma pessoa com deficiência e até mesmo ajudar essas pessoas.


CMN:  Deixe uma mensagem para as crianças, adolescentes e jovens que sofrem com alguma deficiêcia e querem seguir o mesmo caminho que você.
Rogerinho:
Com certeza existem várias pessoas que assim como eu tinha sonhos. Eu sempre fui uma pessoa que depois que descobri o esporte, eu vivi por sonhos, metas e metade da minha trajetória de vida, vivi um bloqueio por uma situação que eu mesmo me colocava, e você às vezes está passando por uma situação que tem te deixado triste, mas lembre-se que aquilo é passageiro. Aquilo que eu sempre almejei na vida, depois que eu descobri o esporte, eu descobri que eu poderia alcançar algumas coisas. 

Eu sempre vivi realizando e mostrando para as pessoas que, independente de você ser deficiente ou estar passando por uma situação, você pode vencer. Não é fácil, a gente gostaria de ter as coisas da noite para o dia, mas as coisas vem com o tempo. Então não desista de seus sonhos, porque eu poderia estar utilizando as muletas para ser uma desculpa que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter uma família, que eu não poderia fazer nada, mas eu utilizei as muletas para fazer coisas diferentes, que é andar independente, não depender de ninguém e sempre correr atrás dos meus objetivos, então fica a dica para você também. 


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