O Café com Mogi News desta terça-feira (12) entrevista o escritor Marcelo Barbosa, autor da trilogia “Favela no Divã”. Nascido em São Paulo, onde morou na favela de Heliópolis, hoje reside em Ferraz de Vasconcelos. Jornalista com passagem pelo Grupo Mogi News, ele também é pedagogo e psicanalista, e traz essas suas vivências em seus livros. 



Começando como locutor, o entrevistado seguiu para o jornalismo, área em que fez algumas especializações, depois enveredou pela pedagogia e a psicanálise. "Atualmente eu sou escritor. Esse foi um pouco assim do meu cenário com o desenvolvimento da escrita e da leitura", destacou Barbosa. A ideia dos livros surgiu a partir de agendas onde registrava suas experiências. 

A primeira versão do livro não foi bem aceita e ficou engavetada, até que, com a pandemia de Covid-19, ele decidiu unir suas vivências à linguagem psicanalítica, e assim surgiu a trilogia "A Favela no Divã", abordando questões sociais e suas experiência de vida. Saiba mais nesta entrevista especial. 

 

Café com Mogi News: Conte um pouco da sua trajetória até decidir virar escritor.
 Marcelo Barbosa:
Vou fazer uma linha histórica, porque essa caminhada tem todo um contexto. Eu sou de uma parentela pobre, que veio do Nordeste, que não teve os estudos valorizados. Por exemplo, os meus pais e tios, eles são da geração que quando iam para escola, eles apanhavam (o que era normal na época), porque não conseguiam entender, interpretar um texto, uma informação. A minha família representa boa parte da população brasileira, que é de uma era tecnicista, em que as pessoas eram ensinadas a produzir, a trabalhar, e negavam o valor do estudo, do intelectual ou até científico. Esse é um pouco da minha transição.

Dia 25 de julho foi o Dia Nacional do Escritor e eu tive um grande dilema, porque eu descobri que é uma data que comemora esse meu ofício atual e ao mesmo tempo é a data da morte da minha mãe. Minha mãe infelizmente faleceu analfabeta, sem conseguir ir na minha formatura de jornalismo na época. O meu pai também é analfabeto, e quando eu escrevi meu livro, eu ia inscrever ele no EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas não deu tempo porque ele está com uma doença que impede os movimentos.

Esse é um pouco da minha linhagem parental de pessoas que não tiveram acesso ao estudo, e negavam o valor do estudo. Eles saíram do Nordeste para procurar oportunidades e fomos viver em favela. A gente morou em Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, ao lado de São Caetano do Sul, a primeira cidade com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e do outro lado está o Ipiranga, bairro histórico do Brasil, e no meio nasceu uma favela em eram terrenos institucionais que começaram a ser invadidos. 

Eu não gostava de estudar, repeti a oitava série duas vezes. Eu vivia em um dilema, porque eu sou da geração dos primos. Eu e meus primos vivíamos dois lados: um em que pais ou tios diziam: 'meu filho, estude, porque eu não tive essa oportunidade na minha vida', e do outro lado tinha: 'não estude, vá ser técnico funcional, porque eu vivi sem precisar disso'. A escola não tinha sentido. 

Um dia eu encontrei sentido nos estudos, quando um grupo de pessoas entraram na favela em que eu morava e mostraram o valor do estudo. Foi aí que eu peguei gosto, tive incentivo, além dos estudos, financeiro, foi um grupo que me apoiou. Se a gente fizer um paralelo, na década de 90 tem o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) que proibiu o trabalho infantil, só que apenas no ano 2000 apareceu um programa de aprendizagem, em que jovens de 14 a 26 anos incompletos poderiam trabalhar. 

Eu comecei a estudar e meu primeiro curso foi na área de locução. Eu fiz um curso técnico de locução e um de sonoplastia e eu tinha que pagar. Você tinha que ir presencialmente e foi onde eu iniciei. Fui radialista, trabalhei como editor, locutor e fui expandindo. Depois eu fui para o jornalismo, fiz algumas especializações, e depois a  pedagogia e a psicanálise. Atualmente eu sou escritor. Esse foi um pouco assim do meu cenário com o desenvolvimento da escrita e da leitura.

 

CMN: Quais são as suas principais fontes de inspiração para escrever os seus livros? Vimos que na sua trilogia “Favela no Divã” você narra as suas histórias, as suas vivências na favela.
 Barbosa:
Tem dois fatos interessantes de inspiração. Em um primeiro momento, eu tive pessoas que me incentivaram, e em outro fato também, por exemplo, na minha época, e eu não sou tão velho assim, as meninas tinham diários. Eu via isso, aquele movimento, em que você escrevia o seu dia, e eu comecei a fazer isso para mim.

Eu não tinha um diário, porque não existia diário de menino, peguei uma agenda e começava a escrever o meu dia a dia, o que eu passava, e isso ficou guardado. Teve uma época em que algumas pessoas me incentivaram a escrever e eu fiz uma primeira versão do livro com esses registros, que chamava “Diário de um Ex-favelado”. Na época eu trabalhava numa mídia também e esse termo não foi bem aceito, e eu deixei o livro na gaveta, guardado.

Veio a pandemia da Covid-19, que foi o caos que todos nós sabemos, e eu peguei esse material, já tinha formação psicanalítica, e coloquei o livro nessa linguagem psicanalítica. Na época da Covid-19, a gente tinha fases. O público de risco era com mais idade, chegou uma fase que qualquer pessoa estava falecendo e eu perdi vários amigos, pessoas que me incentivavam, e eu fiquei paranóico. 'E se eu for vítima da Covid, o que eu deixo?'. O que me inspirou a escrever foi um pouco uma questão de medo, porque eu falei: 'bem, então eu vou escrever um livro, vou pegar o meu registro e vou deixar para os meus filhos'. Eu tenho dois filhos, o Vinícius, de 8 anos, que é mogiano, nasceu aqui na Santa Casa, e o Arthur de 5 anos, ele é ferrazense.

Eu falei: 'vou escrever, porque pelo menos se eu for uma vítima, eles vão saber a história do pai'. No primeiro momento, foi algo despretensioso, eu escrevi para deixar aos meus filhos, só que eu descobri que tinha um público-alvo, que as pessoas se identificavam com a minha história. E falaram: 'por que você não se inscreve em editais', e aí eu comecei a estudar e foi quando eu encarei isso como profissional. Peguei uma editora, e meu livro está nas principais plataformas online nacionais e internacionais, como livro físico, e-book. A gente está tratando de fazer um audiobook também, e foi onde eu comecei a trabalhar.  

Então o que me inspirou foi esse cenário, saber que eu tenho um público-alvo, que a minha história de vida faz diferença para quem lê.

 

CMN: O “Favela no Divã” trata questões sociais e políticas, por você estar retratando a sua vida na favela. Qual é o papel da literatura em abordar esses temas tão importantes para a sociedade?
 Barbosa:
A literatura, jornal, leitura são fundamentais, são temáticas que precisam ser fortalecidas. No meu caso, eu descobri algo muito interessante, de alguns feedbacks que recebi. O meu livro repensa a favela no Brasil. Hoje em dia, principalmente na era do cancelamento, politicamente correto, eu critico a favela, a estrutura urbana, a linha histórica da favela. Como que permitem que pessoas cresçam, nasçam e se desenvolvam nesse cenário urbano? Eu faço uma reflexão, uma provocação nesse sentido, tanto que é isso, no primeiro volume esse questionamento; no segundo é uma transição de eu saindo da favela e indo para outro ambiente, e o terceiro é um pouco da superação e do entendimento desses cenários.

A literatura é importante quando ela traz essas temáticas relevantes e, principalmente, temáticas que nos fazem pensar, refletir, ter algo comparativo. O que eu amo no jornalismo é que me ensinou a ser curioso. O jornalista tem que ser curioso e a gente lê de tudo. Você vai ler economia, moda, cultura...

Por conta do jornalismo eu aprendi a ter essa leitura. Eu leio aquilo que eu gosto, que eu entendo como verdade, mas eu leio aquilo que também me critica. Quando eu montei o projeto foi nessa perspectiva, de ser uma obra literária que que possa dar esse elemento para ser discutido na sociedade. Muitas pessoas vêm utilizando o meu livro para essa reflexão, pensar que a favela ela não é bonita, que a gente tem que ter um trabalho mais específico, mais direcionado. No livro eu conto tudo, alguns fatos históricos, o que que é a favela, qual é a diferença entre a favela e comunidade. Esse é o papel da literatura, oferecer conteúdo aberto para ser pensado.
 
 

CMN: Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao escrever o livro? Você teve que voltar em Heliópolis para escrever, mergulhar na realidade do que é morar na favela?
 Barbosa:
Eu tive vários desafios, o primeiro foi na estrutura do livro. Quando eu encontrei a editora, o editor me falou o seguinte: 'você faz uma reflexão, mas você tem que estar preparado para receber processos judiciais'.
 Isso me chamou muito a atenção. Eu vou transformar a minha vida em um livro aberto e as consequências disso, eu poderia ter uma repercussão ou não, mas eu precisaria estar preparado. Então o desafio foi essa questão técnica, como eu vou expor a minha vida ou as minhas ideias, sendo que eu já tive uma experiência anterior que o público não gostou da primeira ideia de livro, "Diário de um Ex-favelado"?

Eu aceitei o desafio, mas tomando alguns cuidados, entre eles usando a linguagem da psicanálise, porque, por exemplo, a psicanálise é uma terapia. Você vê tanto que é por isso que é "Favela no Divã". Uma vez me questionaram: 'você é jornalista falando de coisa de psicologia, de psicanálise?'. Divã é um sofá sem encosto onde a pessoa deita. Ela não tem um contato visual com analista, essa é a terapia psicanalista, e quando a pessoa deita, a primeira coisa que o analista vai falar é: 'você pode falar de tudo, sem preconceito, sem medo'. Existe uma ética profissional. 

Eu usei essa linguagem da psicanálise para falar o que eu pensava, o que eu sentia, o que eu vivenciei na favela. Às vezes pode sim ter coisas que são preconceituosas, mas eu estou falando de uma vivência, de experiência. Muitas vezes, conforme você lê, pode ter um outro tipo de experiência de leitura. 

A linguagem da psicanálise é um retrato do que eu também falei. Por exemplo, quando veio a pandemia e eu fui fazer a terapia psicanalítica, eu descobri que eu tinha vários traumas da época que eu morava na favela, da época da infância, de uma memória, de uma vivência, porque a década de 80, que foi o crescimento das favelas em São Paulo, foi o crescimento também da criminalidade de grupos rivais.

Eu quando criança vi coisas que nenhuma criança pode ver. Morte, espancamento, e depois eu descobri que isso estava impregnado na minha memória e ela direcionava o meu comportamento.

CMN: E acaba sendo algo normal, você vê isso na sua frente.
 Barbosa:
Exatamente isso. Imagina uma criança com sete anos filosofando 'o que que é a vida?'. O cara estava aqui e morreu, e a gente ia ver os corpos. Depois eu descobri que essas experiências me deram algumas patologias que eu também tive que falar na terapia. Foi essa linguagem que eu transferi para o livro, de você soltar, falar de temas, de falar: 'olha, eu não gostava desse ambiente, eu não gostava dessa imprevisibilidade de eu posso ir à rua e não sei se vai ter tiroteio de grupos rivais do crime ou do crime com a polícia'.

Você vivia em um cenário de guerra. Esse foi o cuidado, de colocar esses temas, muitas vezes romantizados, que é um problema também falar que a favela é de boa, é legal, é cultura. Eu vejo muito problema nisso quando a gente romantiza essa falta de estrutura urbana, e ao mesmo tempo quando a gente faz algum extremo. O desafio foi fazer esse equilíbrio, permitir que o leitor tivesse dados. Eu apresento muitos dados, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, tem um termo muito curioso e interessante. Ele chama favela de “aglomerado subnormal”.

Um aglomerado subnormal é uma doença social, mas o que é esse termo técnico do IBGE. Ele chama isso de favela, mas aí seria aquela estrutura que não tem acesso a esgoto, casas ainda são de madeiras, não tem acesso a transporte, educação, então isso seria a favela.

Eu também cito no livro que o termo vem da Guerra de Canudos. Vamos ter que dar mais um spoiler, mas é muito interessante. O termo é o nome de uma planta, que é da fava, faveleira, mas qual é o cenário histórico? Na Guerra de Canudos, os soldados do Rio de Janeiro foram para Bahia, e os munícipes de Canudos estavam com casas de madeiras, o arsenal deles nessa plantação chamava Favela. Eles perderam a guerra, e quando voltaram para o Rio de Janeiro perderam o direito ao solto. Eles foram construir barraco de madeira improvisado para morar, e eles foram morar no morro que foi conhecido como Morro da Providência, que é considerada a primeira favela do Brasil, no Rio de Janeiro. O termo favela é isso, é o nome de uma planta, mas olha o contexto.

A gente está falando de questões sociais e o IBGE fala isso, então, isso é uma favela, um lugar uma estrutura urbana, que não tem estrutura digna para se morar. E o que é a comunidade? A comunidade é a favela melhorada, essa favela teve autonomia, sem Estado, sem prefeitura. Ela cresceu, fez sua rua, sua casa, construiu prédio e se desenvolveu.

 

CMN: Eu queria que você falasse um pouco da Lei Rouanet. Existe muita desinformação sobre esse assunto. O seu projeto publicado é na Lei Rouanet?
 Barbosa:
A Lei Rouanet é uma lei de incentivo à cultura, do Governo Federal, em que empresas de lucro real, que tem um faturamento mensal de R$ 5 milhões por mês, podem abater imposto. É um projeto de lei aberto, qualquer cidadão, qualquer pessoa, instituição privada ou física pode se inscrever na lei, mas a ideia é que você tenha um projeto que dê uma contrapartida social, essa é a primeira ideia da lei.

No meu caso foram os volumes 1 e 2 que entraram. Por exemplo, o Favela no Divã, eu consegui ser aprovado, os técnicos de Brasília consideraram o livro como uma obra humanística. Foi aprovado para ser distribuído nas 179 unidades prisionais do Estado de São Paulo e em escolas, por isso eles consideraram. Aqui foi aprovado aproximadamente R$ 200 mil para ser trabalhado e o volume 2 foi aprovado quase R$ 500 mil.

Mas o que é esse ser aprovado? Você escreve um projeto, se inscreve na plataforma do Governo e os técnicos vão avaliar. Quando eles aprovam você tem um aval do Governo para procurar empresas para abater imposto. Eu fui aprovado para captar o valor, agora eu tenho que encontrar empresas que possam se identificar com a minha temática, com o meu trabalho social, e eles abatem o valor que tem de imposto com a troca social. A gente fala de investimento social, um valor financeiro nesse aspecto, essa é a Lei Rouanet. Ela ficou muito mal falada, porque tinha um debate sobre apenas grandes artistas conseguirem, e era uma questão de relacionamento. Se eu tivesse uma empresa, eu gostaria muito de ter a minha marca em um show que vai ter milhares de pessoas.

Essa polêmica é desnecessária, o empreendedor, o empresário, é livre e investe no que ele quiser. Por exemplo, eu sou um artista, não sou de nível nacional, mas agora várias empresas entenderam a importância de investir em artistas menores, em ações mais pontuais. 

Você tem cinco anos para captar, esse é o meu segundo ano, a gente vem conversando com várias empresas e, infelizmente, um dos meus maiores desafios é que às vezes eu ouço dos empresariados: 'eu vou colocar a marca da minha empresa no seu livro para ser distribuído para defender bandido? Porque eu vou distribuir nas penitenciárias'. Existe uma lei chamada Lei da Remição pela Leitura que o recluso que lê um livro, diminui a pena dele. Por que que isso é social? Porque a gente tem um cenário que as pessoas querem pena de morte, mas a nossa Constituição não permite isso, então a gente tem que ter a ressocialização, a recolocação. Eu descobri que o ambiente social influencia, quer ver um dado? Qual é a população carcerária no Brasil? Os negros, os pardos, das favelas. Percebe como bate? 


 CMN: O ambiente que você vive influencia muito no seu comportamento. Isso é comprovado.
 Barbosa:
Por isso que eu me desafiei e fiquei muito feliz de encontrar esses dados e falar: 'esse público precisa de ressocialização'. Eu encontrei até um parceiro de Poá, um Instituto que faz um trabalho mais específico com o público carcerário, então esses são os desafios. A gente vem conversando com várias empresas, eu tenho assessorias que fazem isso para mim. Eu também faço um trabalho individual, mas é de médio a longo prazo para você conseguir uma empresa que acredite nesse valor humano.


 CMN: Demorou quanto tempo para você lançar seus livros?
 Barbosa:
Na verdade o livro era um só volume, e como eu já tinha um diário, eu só reformulei. Montei e demorou seis meses para a editora publicar. Foi rápido, mas quando eu descobri que tinha um público-alvo, eu descobri que uma parte dele não gosta de ler e por isso que eu fiz uma trilogia, mais fininho, palpável, rapidinho, as letras são grandes. Algo curto, objetivo, você lê na fila do banco, na viagem, em uma pausa do almoço.

Eu sou um escritor recente, tem três anos que eu descobri esse talento, mas eu tenho essa perspectiva de continuar, até por conta da Lei Rouanet que eu tenho cinco anos para captar. Então é fazer esse trabalho aqui no Alto Tietê, e em outros municípios. Eu já escrevi um outro, que é de contos, mudei um pouco porque esse aqui é de ficção, só que eu estou esperando o momento certo para publicar. Vou ficar nisso, conversando com meu público, escolas, ONGs. Em Ferraz de Vasconcelos eu estou tendo muito apoio da Secretaria de Cultura.

CMN: Qual conselho você daria para quem quer ser escritor?
 Barbosa:
Eu acho que o escritor é autônomo, porque dessa experiência que eu estou tendo ninguém nega a importância do livro, mas faz uma pesquisa, quantos escritores você conhece pessoalmente? Por exemplo, o ofício escritor, por que não tem? Porque isso é um trabalho autônomo, muitas vezes solitário, ninguém escreve um livro para não ser lido. Eu tenho que ter um público-alvo, pessoas que se interessam por aquilo que eu estou escrevendo. O escritor é solitário, sonhador. Espero que as pessoas possam ler. 

Eu fiz uma pesquisa recentemente que fala o seguinte, das 400 mil palavras que existe na língua portuguesa, a gente conhece 50 mil e usa 3 mil no dia a dia. Olha como a nossa língua é rica, como a nossa cultura é rica e como ao mesmo tempo não é difundida. Eu creio que aquele que quer ser escritor tem que ter isso em mente, que é um trabalho penoso, difícil, que você tem que ter um público-alvo, você tem que fazer pesquisa, ver quem se interessa, verificar se você vai querer ser amador. Eu tenho amigos que publicaram um livro e sumiram.

Você tem que publicar, definir se você vai ser profissional, se vai difundir isso, o que que você vai fazer com essa obra literária. Precisa encontrar pessoas sérias no mercado, registrar o livro, tem que ter o RG do livro. Por exemplo, o meu objetivo inicial era escrever para os meus filhos, para eles saberem a história do pai. Eles acham que eu sou o escritor mais famoso do mundo, e isso é incrível. Escrever é deixar sua marca no mundo, aqui é um papel que pode ser reproduzido e ao mesmo tempo a gente difundir ideias, conhecimentos e a importância da nossa língua portuguesa.