O Café com Mogi News desta terça-feira (9), entrevista Célia Ardachnikoff fundadora e presidente da Associação Contagie Kairós, em Salesópolis. O objetivo da ONG é oferecer às famílias, desenvolvimento social e capacitação profissional, com o apoio de parceiros. O projeto foi inaugurado oficialmente em 2012, por meio de visitas nas áreas rurais do município, foi identificada a necessidade de capacitar profissionalmente jovens e adultos, além de oferecer acesso de crianças à cultura e esportes. “A pergunta que sempre fazíamos nessas visitas, aos jovens principalmente, o que eles pretendiam ser quando crescessem. Ninguém sabia responder, porque não havia nenhuma expectativa. Um jovem de quinze anos, me pediu carrinho de presente de Natal. Naquele momento senti que precisava fazer algo para despertar a vocação, despertar que é importante se capacitar, se preparar para o mundo do mercado de trabalho. Então a ONG conseguiu unir isso, unir pessoas capacitadas como voluntárias para montar as oficinas de capacitação e trazer as famílias”, explicou a fundadora do Contagie.


Na entrevista do novo episódio do Café, com apoio da Padaria Tita, Célia destacou que Salesópolis, um município do Alto Tietê localizado a 96 km da Capital Paulista, possui 98% de seu território inserido na lei de proteção de mananciais, o que dificulta em seu desenvolvimento com relação ao mercado de trabalho. “Diante deste quadro, muitas famílias precisam buscar trabalho em cidades vizinhas. Desta forma crianças e adolescentes permanecem por um longo período sem a presença dos pais, em eminente risco social. Com a ONG conseguimos trazer as mães para fazer artesanato, as crianças para fazer um fortalecimento de vínculo através da dança, teatro, contação de história, xadrez, arte criativa, a gente tem bastante oficina”.


Na entrevista, a presidente do Contagie ressalta que o intuito é unir as famílias. “O pai pode fazer um curso de pedreiro, temos o jovem chefe, para o adolescente, é uma ponte com a família toda”, disse.
O Café com Mogi News traz histórias de superação e exemplos da comunidade, no mês de abril, o Grupo Mogi News promoveu um especial para conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).Os episódios estão disponíveis no nosso site portalnews.com.br.

 

Café com Mogi News: O Café com Mogi News de hoje vai falar sobre uma história bem bacana da Associação Contagie Kairós. E a nossa entrevistada de hoje é a presidente e fundadora do projeto Célia Ardachnikoff, seja muito bem-vinda ao nosso Café. Então vamos falar um pouquinho sobre o projeto, sobre a ONG, sobre a história do Contagie.

Célia: Contagie nasceu na verdade de uma inquietação. Acho que desde os quatorze anos de idade eu tinha essa inquietação e não sabia como pôr pra fora isso. Depois dos trinta anos eu falei, já sei. E, então, começamos fazer visitas nas áreas rurais, fazer eventos de Natal e onde a gente viu que era pouco. Falei nossa uma vez ao ano é muito pouco. A gente pode fazer mais. Já que a gente quer um mundo melhor, quer viver num mundo mais correto, mais justo a gente tem que fazer alguma coisa, não só esperar, não é mesmo? Esperar não acontece nada, foi onde a gente nasceu e começou a fazer o CNPJ, desenvolver o nome, alugamos espaço e começamos acho que criar mesmo a nossa identidade, moldar o jeito que a gente gostaria de trabalhar, que é além de acolher crianças, fortalecer o vínculo da família trabalhar bastante com capacitação profissional, que é onde nossa área lá é bem carente, é bem rural, tem poucas oportunidades, então a gente começou assim

Café com Mogi News: Então no primeiro momento vocês criaram eventos de Natal e aí esses atendimentos eram feitos de que forma?

Célia: Era a gente fazia cadastro das famílias, então a gente ia nas casas, a gente visitava as famílias, pegava a numeração de roupa das famílias, número de sapato, quantos filhos que são muitos, assim, impressionante como eles lá tem um número muito grande de filhos, média de seis, dez. Já visitamos família com quinze filhos que eu falei meu Deus e aí a gente montava um kit a gente fazia um cartão e montava o kit de Natal aí no normalmente no segundo domingo de dezembro a gente reunia todas as famílias e contratava com ajuda de parceiros claro contratava ônibus pra buscar essas famílias reunia todas elas no Natal e entregava esses presentes, esse kit de Natal. E muitas crianças relatavam depois posteriormente quando a gente visitava que a roupa, o sapatinho que ela ganhava no Natal é o que ela usava o ano todo pra ir pra escola, então valia muito a pena, mas aí a gente começou a achar que era pouco, que poderíamos fazer mais.

Café com Mogi News: Dá pra perceber que há uma situação de vulnerabilidade social mesmo e que sim, projeto foi importante, para atender esse público de lá.

Célia: A preferência total de todo o atendimento são dessas famílias com muita vulnerabilidade social. Realmente assistida sim pelo CRAS, por toda a parte equipe social de Salesópolis, mas demanda é muito grande. Então quanto mais a gente poder auxiliar a gente eu acho que ajuda toda a família.

Café com Mogi News: Foi desde aí que vocês perceberam essa necessidade aí criaram a ONG em 2012, foi isso?

Célia: Em 2012, sim. Através das visitas nas áreas rurais que a gente sentiu mesmo a necessidade de capacitar profissionalmente. Porque perguntávamos para os jovens principalmente, o que você quer ser quando você crescer... Ninguém sabia responder, porque não havia nenhuma expectativa. Chegou assim, menino jovem de quinze anos, pedir carrinho de presente de Natal. Aí a gente falou “nossa, a gente precisa fazer algo” porque despertar a vocação, despertar que é importante você se capacitar, você se preparar pro mundo do mercado. Porque o mercado é gigante, tem muito trabalho para todo mundo o que falta é você estar preparado. Então, na ONG a gente conseguiu unir isso, unir pessoas capacitadas como voluntárias pra gente montar as oficinas de capacitação e unir a família toda porque, a partir disso, conseguimos trazer as mães para fazer artesanato, as crianças para fazer fortalecimento de vínculo através de dança, teatro, contação de história, xadrez, arte criativa, a gente tem bastante oficina lá.

Café com Mogi News: A gente percebe então que é um trabalho que envolve toda a família porque Salesópolis é uma região que não há muita oportunidade de emprego e acaba sendo uma oportunidade da pessoa se capacitar, da família ter mais opções. Como que funciona isso na sua visão?

Célia: Sim, a gente trabalha bastante com o fortalecimento familiar e por isso que a gente acaba, algumas amigas até brincam “vocês querem ser polvo” ter braço pra abraçar tudo. Porque a gente faz bastante coisa, mas é nesse intuito de unir mesmo as famílias, de trazer o pai pra fazer um curso de capacitação, agora nós tamos tendo curso de pedreiro, traz o pai, vamos fazer jovem chefe, traz o adolescente, a gente tem, ah vamos fazer dança e teatro, aí traz as crianças. Você acaba tendo uma ponte com a família toda e um acompanhamento igual esse grupo de jovem chefe que tá em formação, a gente tá acompanhando esse grupo há um ano, vai terminar em julho o curso. Então você consegue criar um vínculo, consegue criar uma ponte com eles, ter uma empatia e eles também veem que é possível falar “nossa, que legal, é possível”, tanto que uma das jovens já veio pra Mogi e se matriculou numa escola de gastronomia, então é bem bacana.

Café com Mogi News: Você já tem ideia de quantas pessoas a ONG tem atendido nesses últimos anos ou agora exatamente neste ano?

Célia: Nossa é muito. Olha, uma boa vou fazer esse cálculo, a gente tem registros, temos lista de chamada porque a gente faz toda uma prestação de conta, a gente faz relatório de atividade que vai para o Tribunal de Contas, a gente até não consegue pôr tudo no site porque é muita coisa. Vou fazer esse levantamento que é uma boa, fiquei curiosa agora, mas olha, só o ano passado de sexta básica gente distribuiu…2022 foi logo depois da pandemia, em 2021 a gente distribuiu mais de 900 cestas básicas com parceiros que procuravam a gente para fazer as doações, é bastante família se envolver todo mundo, porque você atende um jovem, mas em contrapartida você atende a família toda então é um número bem.

Café com Mogi News: E também existe aquela questão dos pais que saem da cidade para as outras cidades da região, porque Salesópolis, como a gente acabou de falar não tem muita oportunidade de trabalho, e acaba sendo então ali um momento de resgatar aquela criança aquele jovem ter um momento de lazer, de cultura.

Célia: A gente faz muito cinema, a gente já trouxe até em parceria com a Secretaria, várias companhias de teatro para se apresentarem, porque a gente tem um palco, tem um salão bem legal. Já fizemos várias apresentações de companhias de teatro de cinema para as crianças com pipoca, guaraná e toda estrutura de cinema com, como é que se fala? O convite mesmo né, a entrada pra eles simularem mesmo que eles foram pro cinema, então é muito…só não faz o bem quem não quer fazer, porque não precisa de dinheiro, precisa de pessoas, precisa de vontade, precisa de parceiros, precisa de pessoas sérias, porque tem muita gente que quer ajudar e de repente não sabe onde ajudar, então pode ajudar na Contagie que a gente dá conta de fazer o bem.

Café com Mogi News: Fala então um pouquinho de quais cursos hoje vocês estão disponibilizando.

Célia: Este ano a gente está com agenda bem cheia, vai ter formação de pedreiro, vai ter introdução à administração, introdução a contabilidade, o jovem chefe, que já está em andamento, a sala de leitura para contação de história em parceria com a Secretaria de Educação provavelmente, vai ter dança e vamos, a gente está com futsal no distrito e artesanato no serrote e artesanato criativo na sede também.

Café com Mogi News: Os cursos de esporte e cultura fazem parte das oficinas também? Tem a oficina de férias também...

Célia: Faz, tudo faz parte. Para as crianças não ficarem só em casa, a gente sempre elabora as oficinas de férias com bastante circuito, principalmente com o meio ambiente, são relizadas atividades com reciclado, fazemos parcerias pra pegar os materiais para utilizar e fazer brinquedos para as crianças, além de decoração. É um trabalho de formiguinha, é um conjunto, não pode ser uma coisa isolada, então você tem que trabalhar a saúde, tem que trazer a conscientização ambiental, tem que trazer a estrutura familiar que é importante. É um trabalho realmente em conjunto, não dá pra fazer nada isolado.

Café com Mogi News: E como você enxerga esta ligação entre a ONG e o desenvolvimento das crianças nas escolas, a gente comentou nos bastidores, que tem um desenvolvimento bacana que as professoras te dão este retorno e queria que você falasse um pouquinho, como é este feedback? Como é receber este retorno?

Célia: Olha, é super gratificante porque tudo que acaba nascendo na ONG, nasce a partir de uma necessidade. Nós somos procurados pedindo ajuda, uma professora, diretora até, procurou a gente “poxa, ajuda, a gente está com uma sala completa sem conseguir, os alunos com muita dificuldade de aprendizado” e a gente falou “não, vamos desenvolver alguma coisa” e aonde a gente falou: vamos criar uma sala lúdica, colocamos árvore, colocamos estrelas, tem lá todo um…que imita nuvens, a gente realmente deixou uma sala bem lúdica, e aí começamos a desenvolver isso contando histórias, todo fantasiado, a gente levava as crianças para uma sala de espelhos, onde elas consegue enxergar e fazer alongamentos, e aí acho que no primeiro, segundo mês, já vieram as professoras dando feedback: eles gostaram, eles querem mais, vamos fazer uma agenda, porque parecia que eles iam pro parque, porque era o momento que ele estava brincando descontraindo, era um momento diferente, e a gente consegue através de uma coisa bem lúdica, trazer algo sério com começo, com meio e com fim. Tem a nossa parceira Regina, que ela desenvolve sussurro fone que é onde a criança consegue ouvir diretamente ela assimila melhor o aprendizado e a gente fica pesquisando tudo com reciclado, tudo a gente faz com reciclado.

Café com Mogi News: E também liga esta questão do meio ambiente porque Salesópolis é uma reserva ambiental.

Célia: É um lugar que tem 98% de proteção ambiental, então a gente tem que mostrar para as crianças que isso é importante, que a gente pode construir, fabricar coisas através do nada, e é uma parceria, parceria de escola, com ONG, com Secretaria da Educação dá pra gente fazer um trabalho bem legal todo mundo participando, todo mundo ajudando. E aí as professoras acabam dando feedback qual que é a dificuldade da sala? Olha a sala está com dificuldade de redação, aí a gente trabalhar em cima disso, olha, é comportamental, então a nossa história vem trazendo um contexto de comportamento que é a nossa briga de hoje geral é a parte comportamental, até empresas, grandes empresas, a dificuldade de ter profissionais capacitados não é nem da parte de saber executar o serviço mas sim a parte comportamental, por isso a gente trabalha bastante lá com parcerias com psicólogos, com assistente social para a gente trabalhar essa parte comportamental.

 

Café com Mogi News: E também por conta da pandemia teve muito caso, você acha que aumentou os casos de problemas psicológicos com as crianças? Como vocês trabalham esta questão?

Célia: Olha, a gente ficou até meio assustado, porque este grupo de jovens que a gente está agora, lá tinha três com problema, problema seríssimo mesmo, emocionais, psicológicos, de tentativa de suicídio, então eu creio que a pandemia agravou, agravou pelo isolamento até das pessoas e é difícil trabalhar com isso, é uma parceria com a família, daí então é um trabalho árduo e longo, não é rápido, é um trabalho frequente que você tem que estar muito presente, com muita frequência junto.

Café com Mogi News:  Você sente que eles se sentem acolhidos mesmo pela ONG?

Célia: Eu sinto, até tem uma das jovens que tinha faltado três semanas na aula devido a ficar internada, quando eu cheguei na sala há duas semanas e ela me viu, ela correu, me abraçou, me apertou, eu falei: nossa que legal, acho que ela sentiu falta, é o acolhimento e aí falou: olha, a gente está aqui é porque a gente topa tudo, o que vier pra gente fazer, a gente corre atrás, se envolve e faz, então acho que isso dá um acolhimento. Tem até o testemunho de um jovem que eu até consegui trazer ele pra Mogi, ele ganhou uma bolsa de estudos de confeitaria, o Alex, e o que ele falou pra mim, eu falei: vale tudo a pena. Eu falei assim: “nossa Alex, a gente fez diferença na sua vida? A gente ajudou em algo?” e ouvir ele falar que “olha, a ONG transformou a minha vida, por que vocês acreditaram em mim”, é transformador porque ele falou assim: “nem eu mesmo acreditava em mim e você me mostrou que você acreditava em mim então era possível acreditar em mim”, então às vezes não são muitas coisas, é você olhar mesmo, enxergar a pessoa, ter um olhar de empatia, de quebrar preconceitos, barreiras e é um trabalho.

Café com Mogi News: É um apoio que dá à família também, a Prefeitura com as outras ações que eles têm a ONG também dá um apoio.

Célia: É um apoio, é um conjunto, eu acho que ninguém faz nada sozinho, realmente tem que ter o apoio de vários setores e pessoas que acreditam nisso, acreditam que vale a pena, não é uma utopia mudar o mundo, nem que seja um mundo de cada vez, mas é possível mudar realidade né, de muitas famílias.

Café com Mogi News: Agora vamos falar sobre os cursos ainda, esse ano ainda tem algum curso em desenvolvimento que vocês ainda vão começar a abrir inscrição para a população, quais são?

Célia: Esse de administração e contabilidade, a gente tá divulgando agora para começar as turmas, a de pedreiro já tá formada não dá pra entrar porque já começou a aula, amanhã é a segunda aula, mas a de contabilidade, administração ainda dá pra entrar, e todos os outros grupos com as crianças podem entrar a qualquer tempo.

Café com Mogi News: E como que eles podem participar?

Célia: Diretamente lá na ONG eles fazem a inscrição com a Paloma, direto na ONG, leva os documentos, CPF, RG, tem que ser acompanhado dos pais os menores, aí faz a inscrição e já começa.

Café com Mogi News: E fala um pouquinho sobre quem trabalha com esses jovens, quem são os voluntários, quem que trabalha com esse projeto?

Célia: Toda minha família está envolvida, não tem como né, se a família não acreditar em você, ninguém acredita, meus filhos todos envolvidos, meu marido sempre apoiou muito, tenho parceiro, a Gi, a Ana Paula da APAE, sempre que a gente faz evento tá ajudando a gente, a minha irmã de Salesópolis, da padaria, o pessoal da padaria ajuda bastante, até o próprio dono do imóvel é nosso parceiro, nossa tenho medo de esquecer alguém, tem bastante gente que ajuda a gente, tem o pessoal voluntário, muitos professores que já passaram como voluntário de todos os cursos que a gente já teve lá, a Regina super nossa parceira que deu o nome do nosso maior projeto, que é CRI CRI, Cri cri quer dizer criança criativa, as vezes as pessoas falam, "ai criança é muito cri cri", ela é cri cri porque ela é criativa, (ai que bacana), então as nossas crianças elas são cri cri, são criativas, o tempo todo tem criatividade, é o nosso Cri Cri e a nossa parceira Regina que deu o nome desse nosso projeto que é o nosso coração.

Café com Mogi News: Fala um pouquinhodo projeto CRI-CRI.

Então cri cri é todos os projetos que a gente desenvolve com as crianças é o projeto cri cri, que as nossas crianças criativas, que envolve tudo, tudo que a gente faz lá é com muita criatividade, é teatro, é dança, é o cri cri bom de bola, é o cri cri arte e movimento, tudo que é envolvido com as crianças a gente coloca o cri cri, e é um grilinho, por que o grilo não é chatinho? Então a gente fala assim, não a gente ama grilinho, a gente ama criança, e criança não é cricri, criança é criativa, então é mudar um pouquinho essa ideia de, é tudo como é leitura que a gente faz, criança brinca? brinca, criança faz bagunça? Lógico, é criança né, é como pedir para um cachorro não latir, não existe, criança é criança.

Café com Mogi News: O trabalho voluntário é tão importante que em 2019 vocês tiveram um mutirão para fazer toda a reforma de um espaço que hoje já está adaptado e atendendo as crianças, como funcionou esse processo de reforma?

Célia: Funcionou porque nós estávamos com bastante área que precisava ser adaptada, fazer rampas, mudar portas para cadeirantes, para ficar acessível para todos, a gente pediu doações e as pessoas foram ajudando, portas, blocos, contratamos alguns pedreiros e eles foram voluntariamente, nós sempre conseguimos parcerias e voluntários para ajudar. E as pessoas depois até dão depoimentos agradecendo pela oportunidade de poder ter ajudado, é uma forma de fazer o bem. Foi maravilhoso.

Café com Mogi News: Você comentou que além desse polo em Salesópolis, você tem outros dois, como funciona esse atendimento?

Célia: No distrito a gente tem dança e futsal, é uma parceria com a prefeitura que cedeu o espaço, uma quadra, as crianças que moram lá próximo a região que fazem a inscrição, elas geralmente vão acompanhada dos pais e os coordenadores aproveitam para conversar com essas famílias, já no (serrote) vai começar agora, esse é o primeiro ano, ainda estamos pegando as primeiras inscrições e por se tratar de uma área rural, é só com as pessoas dessa região mesmo, a atividade vai ser uma oficina criativa com vários tipos de artesanato.

Café com Mogi News: Alguns eventos programados para este ano?

Célia: Temos eventos, não temos datas ainda, mas vamos realizar um bazar porque estamos recebendo algumas doações de amigos, parceiros. Algumas peças nós doamos para essas regiões mais rurais e outras que nós vemos que dá para vender, a gente pretende realizar o bazar com essas peças, para todos terem a oportunidade de comprar, e também para podermos comprar mais materiais, mais equipamentos e recursos para a ONG.

Café com Mogi News: Hoje a ONG precisa de algum tipo de doação? Quais são esses itens?

Célia: Nós vamos atrás de doações e colaboradores para essas nossa oficina de pedreiro, porque daí vamos fazer um canteiro de obra dentro da ONG mesmo, porque a gente está precisando mexer em algumas coisas lá, então a gente vai unir o útil ao agradável e ai o canteiro de obra da parte prática do curso, a gente vai pegar doação, doação de material, o (mestre) que tá dando aula ainda não passou a lista dos itens, mas é bloco, tijolo, cimento, porque daí o professor consegue, ele é voluntário, a gente até falou olha a gente elaborou um projeto a gente recebeu um recurso ai, a gente consegue pagar o monitor, e ele falou que não queria receber nada, eu quero doar o meu tempo, ensinar o que eu sei, o seu Eduardo, ele tem um filho especial, então a parceria que a gente fez, ele falou olha, desenvolve algo para atender o meu filho, o Dudu, e ai eu venho voluntariamente e no horário da aula eu trago o meu filho para vocês atenderem, e ai conseguimos uma voluntária, a Regina, e ela está desenvolvendo uma atividade linda com o Dudu, pra levar para as escolas, é um projeto que ela vai desenvolver com material reciclável uma maquete alguma coisa, para auxiliar as crianças na elaboração de redação, e o Dudu que é especial que tá elaborando junto dela, ai nós vamos nas escolas junto com ele para distribuir para as crianças.

A inclusão é super importante, nós um aluno especial fazendo o curso de pedreiro, cinco mulheres fazendo o curso de pedreiro, é muito importante a gente quebrar esse paradigma de que é só homem, não, mulher também pode construir, é isso que nós estamos desmitificando lá com esse curso de pedreiro, que eles não tão construindo parede, não é colocar tijolo sobre tijolo, eles estão mexendo com sonhos de famílias, eles tão reconstruindo um lar, é muito importante, olha a importância disso, é para eles valorizarem a profissão, não é para qualquer um, você tem que ser muito capacitado, você tem que treinar, eu creio que a gente vai montar um grupo de pedreiros extraordinários.

Café com Mogi News: Outra questão de doação, as crianças, você sente que elas têm necessidade na alimentação, com vestimenta, sapatos e a ONG ela também precisa dessas doações? Quem pode ajudar? Você acha que tem necessidade dessas doações também?

Célia: Sim, roupa nós recebemos bastante, a gente leva e doa sapato, roupa de criança, não tem roupa de criança, porque acho que um usa e vai passando pros irmãos, a gente recebe muita roupa de mulher, porque mulher troca muito de roupa né, mas roupa de homem, roupa de criança a gente recebe bem pouco. Alimentação, até sobre essa falta de aprendizado que a gente percebeu, é pela alimentação também, a escola ela da alimentação até que equilibrada e a gente percebeu numa atividade que a gente fez lá, de alimentação, a gente fez criança chefe, a gente desenvolveu as atividades com as crianças na cozinha e eles não querem experimentar coisas diferentes, eles comem arroz, é só arroz, e a gente, mas por que? experimenta outra coisa, não, na minha casa eu só como arroz, então é bem fraquinho a alimentação, mas como ajudar todos, é muito amplo o que a gente vai fazendo, agora mesmo eu recebi até uma ligação de um convento que tem em Salesópolis, ela perguntando se a gente quer doação de legume e verdura, mas é lógico né, com certeza, porque como a gente tem só na quarta, cerca de quarenta famílias representadas nos cursos, imagina a gente distribuir isso daí para as famílias levarem para casa, ensinar eles fazerem um legume, uma verdura e é uma coisa simples que dá pra ensinar e fazer, e faz parte da alimentação, a gente tá num cinturão verde do alto tietê, e as vezes você vê, eles não tem uma horta, a gente fez um ano uma atividade com as crianças e nós distribuímos mudinhas, com garrafa pet, a gente cortou e fez os potinhos e eles mesmos plantaram e a gente falou ó vocês vão cuidar e depois vocês vão trazer pra gente o pé bem bonitão, de alface, de várias mudinhas e eles cuidaram, então você vê que se você ensinar eles aprendem.

É desde pequeno, até alimentação mesmo você tem que ensinar a comer, o verde, o legume, a verdura.

É, eles têm alergia a verde.

Café com Mogi News: Então quem quiser ser parceiro, quem quiser ajudar, ser voluntário, fazer doações, qual é o telefone que você pode deixar para contato.

Célia: Eu vou deixar o meu por enquanto que é o (11) 98397-4375 ou acompanha no Instagram também ONG Contagie, ou no Facebook ou no nosso site www.ongcontagie.com.br e lá tem os nossos telefones, os sites, o número da conta bancária para fazer alguma doação, tem a nossa contabilidade, nossa prestação de conta, fazer alguma visita porque é muito diferente, quando você vai lá pessoalmente o ambiente é outro, a energia é outra, então façam visitas, Salesópolis é tão pertinho, é meia hora, bem devagarzinho, tem uma paisagem linda, maravilhosa, e passando o portal já estamos logo a direita, bem no comecinho da cidade não tem como errar.

Café com Mogi News: Célia muito obrigada, pela sua participação, adorei conhecer a sua história, espero que a gente continue com essa parceria, contagiando muita gente para ajudar, com todos esses projetos, para fazer também a diferença, obrigada pela oportunidade, esses e outros episódios do Café com Mogi News você acompanha no nosso canal no Youtube e também no nosso site que é o www.portalnews.com.br.