O cabo que unia as duas cabines do bondinho da Glória “cedeu no seu ponto de fixação” do vagão que descarrilou, revelou neste sábado (6) o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF). “Do estudo feito nos destroços, ficou constatado de imediato que o cabo que unia os dois vagões cedeu no seu ponto de fixação dentro do trambolho [peça de encaixe] superior da cabine nº 1 (a que iniciou a viagem no cume da Calçada da Glória)”, diz a Nota Informativa (NI) do gabinete publicada ontem e à qual a agência Lusa teve acesso. Segundo a investigação “o restante cabo” e todo o sistema, como “o volante de inversão e as polias encontravam-se lubrificadas e sem anomalias aparentes”, acrescentando que “o cabo no trambolho superior da cabine nº 2 [que estava junto à Praça dos Restauradores] encontrava-se também sem anomalias aparentes”. A NI informa que o cabo utilizado é constituído por seis cordões de 36 arames de aço em fibra, com diâmetro total nominal de 32 milímetros (mm) e uma capacidade de carga de aproximadamente 68 toneladas, sendo este tipo de cabo usado neste veículo há cerca de seis anos. “Tem uma vida útil fixada de 600 dias para uso e aquele existente no momento do acidente havia sido instalado há 337 dias, tendo ainda uma vida útil restante de 263 dias até sua substituição. É considerado pela entidade operadora do sistema que a vida útil definida para o cabo tem um coeficiente de segurança significativo”, explica o GPIAAF. Quanto à manutenção e conservação do sistema do bondinho da Glória, a investigação informa que “está contratada pela entidade operadora [Carris] uma empresa externa de prestação de serviços especializada, cujos termos do contrato existente definem que compete à primeira o fornecimento dos cabos e à segunda a sua instalação sob a fiscalização da primeira”. O GPIAAF “constatou que o bondinho não está na alçada da supervisão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I.P.”, acrescentando que não detém, neste momento, “informação fidedigna e confirmada sobre qual é o enquadramento legal do ascensor da Glória nem qual é a entidade pública que tem a obrigação de supervisionar o funcionamento e segurança deste sistema de transporte público, além da intervenção de uma entidade acreditada”. Essa entidade, "por iniciativa da empresa concessionária e operadora, inspeciona o equipamento para grandes reparações a cada quatro anos”, sublinha o GPIAAF. O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira (3), causando 16 mortos e 22 feridos. O bondinho é gerido pela Carris e liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, em um percurso de 276 metros, sendo muito procurado por turistas Relacionadas Portugal apura causas de acidente com bondinho que matou 17 pessoas Acidente com bondinho em Lisboa deixa 15 mortos