A África do Sul pediu aos países do G20 que tenham liderança global e cooperativa para enfrentar os desafios, incluindo o aumento das barreiras comerciais, no momento em que os chefes de finanças do grupo se reúnem nesta quinta-feira (17) sob a sombra das ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O G20, que surgiu como um fórum de cooperação para combater a crise financeira global de 2008, há anos tem sido prejudicado por disputas entre os principais participantes, que foram exacerbadas pela guerra da Rússia na Ucrânia e pelas sanções ocidentais contra Moscou. Sob o lema de sua presidência Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade, a anfitriã África do Sul tem como objetivo promover uma agenda africana, com tópicos que incluem o alto custo do capital e o financiamento para ações contra as mudanças climáticas. No discurso de abertura, o ministro das Finanças da África do Sul, Enoch Godongwana, disse que o G20 deve oferecer liderança global estratégica, cooperação e ação diante de desafios complexos. "Muitos países em desenvolvimento, especialmente na África, continuam sobrecarregados pelas vulnerabilidades de dívidas altas e crescentes, espaço fiscal restrito e alto custo de capital que limita sua capacidade de investir em seu povo e em seu futuro." "A necessidade de uma liderança cooperativa ousada nunca foi tão grande", completou. Incerteza Há dúvidas, no entanto, sobre a capacidade dos ministros das Finanças e dos presidentes de bancos centrais reunidos na cidade costeira de Durban de lidar com essas e outras questões em conjunto. O G20 tem como objetivo coordenar políticas, mas seus acordos não são vinculativos. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, não participará da reunião de dois dias, sua segunda ausência em um evento do G20 na África do Sul neste ano. Bessent também não compareceu à reunião de fevereiro na Cidade do Cabo, onde várias autoridades de China, Japão e Canadá também estavam ausentes, embora Washington deva assumir a presidência rotativa do G20 no fim do ano. Michael Kaplan, subsecretário interino de assuntos internacionais do Tesouro, representará os EUA nas reuniões. Um delegado do G20, que pediu para não ser identificado, disse que a ausência de Bessent não é ideal, mas que os EUA estão participando de discussões sobre comércio, economia global e linguagem climática. Os ministros das Finanças da Índia, França e Rússia também não participarão da reunião de Durban. O presidente do Banco Central da África do Sul, Lesetja Kganyago, disse que a representação é o que mais importa. "O que importa é: há alguém com um mandato sentado atrás da bandeira e todos os países estão representados com alguém sentado atrás da bandeira?", disse Kganyago à Reuters. As autoridades dos EUA têm falado pouco publicamente sobre seus planos para a presidência no próximo ano, mas uma fonte disse que Washington reduzirá o número de grupos de trabalho não financeiros e simplificará o cronograma da cúpula. Guerra comercial As políticas tarifárias de Trump têm rasgado o livro de regras do comércio global, com taxas básicas de 10% sobre todas as importações para os EUA e tarifas de até 50% sobre aço e alumínio, 25% sobre automóveis e possíveis taxas sobre produtos farmacêuticos. Sua ameaça de impor tarifas adicionais de 10% sobre os países do Brics – dos quais oito são membros do G20 – aumentou os temores de fragmentação nos fóruns globais. Além disso, a última vez que o G20 conseguiu emitir um comunicado coletivo foi em julho de 2024, concordando mutuamente com a necessidade de resistir ao protecionismo, mas sem mencionar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Relacionadas Brics pede renegociação de dívidas de países pobres dentro do G20 Estados Unidos serão principal prejudicado por tarifaço, prevê CNI