Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apoiaram nesta quarta-feira (26) um aumento significativo nos gastos com defesa e reafirmaram seu compromisso de se defenderem mutuamente de ataques, após uma breve cúpula em Haia, na Holanda. Em uma breve declaração, a Otan endossou uma meta de gastos com defesa mais alta, de 5% do PIB dos estados-membros, até 2035. O aumento é uma resposta a uma exigência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aos temores dos europeus de que a Rússia possa representar uma ameaça crescente à segurança da Europa, após a invasão da Ucrânia em 2022. "Reafirmamos nosso compromisso férreo com a defesa coletiva, conforme consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington: que um ataque a um dos membros é um ataque a todos", diz o comunicado, depois que Trump gerou preocupação na terça-feira (25) ao dizer este Artigo 5 tinha "inúmeras definições". Porém, pouco antes da abertura da cúpula, Trump disse sobre os outros membros da Otan: "Estamos com eles até o fim". Gastos em defesa A aliança composta por 32 nações, por sua vez, atendeu a um apelo de Trump para que outros países aumentem seus gastos com defesa para reduzir a dependência da Otan em relação aos EUA. O secretário-geral da organização, Mark Rutte, reconheceu não ser fácil para os países europeus e o Canadá encontrarem o dinheiro extra, mas disse que é vital fazer isso. "Meus colegas na mesa de negociações estão absolutamente convencidos de que, dada a ameaça dos russos e a situação da segurança internacional, não há alternativa", declarou o ex-primeiro-ministro holandês aos repórteres em sua cidade natal, Haia. A nova meta de gastos – a ser alcançada nos próximos 10 anos – representa um salto de centenas de bilhões de dólares por ano em relação à atual meta de 2% do PIB, embora seja medida de forma diferente. Os países gastariam 3,5% do PIB em defesa básica – como tropas e armas – e 1,5% em medidas mais amplas relacionadas à defesa, como segurança cibernética, proteção de gasodutos e adaptação de estradas e pontes para suportar veículos militares pesados. Espanha Todos os membros da Otan apoiaram uma declaração que consagra a meta de 5%, embora a Espanha tenha declarado que não precisa atingir essa meta e que pode cumprir seus compromissos gastando muito menos. Insatisfeito com o posicionamento do governo espanhol, Trump afirmou após a cúpula que faria a Espanha pagar "o dobro" por um acordo comercial. Nesta quinta-feira (26), no Conselho da Europa, em Bruxelas, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, respondeu às ameaças presidente norte-americano lembrando que a Espanha é um "país soberano" e que a política comercial deverá ser acordada com Bruxelas. "A Espanha é um país solidário, comprometido com os Estados-membros da Otan, mas também soberano, e esse é o equilíbrio que encontramos na declaração acordada com os 32 Estados-Membros da Aliança Atlântica, e também os EUA". *Com informações da RTP Relacionadas Otan: Mark Rutte toma posse como secretário-geral e cobra investimento