A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu às autoridades da Hungria que permitam a realização da Parada do Orgulho LGBTQ de Budapeste, depois que a polícia proibiu o evento. Em resposta no X, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse que a Comissão Europeia deveria se abster de interferir nos assuntos de aplicação da lei dos Estados-membros, "onde não tem nenhum papel a desempenhar". A polícia húngara proibiu, na semana passada, a marcha LGBTQ, planejada para sábado, citando uma lei aprovada em março que afirma que a proteção das crianças deveria prevalecer sobre o direito de reunião. No entanto, o prefeito liberal de Budapeste e os organizadores do evento disseram que a marcha será realizada apesar da proibição, pois se trata de um evento municipal e não precisa de permissão das autoridades. "Apelo às autoridades húngaras para que permitam que a Parada do Orgulho LGBTQ de Budapeste vá em frente, sem medo de quaisquer sanções criminais ou administrativas contra os organizadores ou participantes", disse Von der Leyen em um vídeo publicado no X na noite dessa quarta-feira. "Na Europa, marchar por seus direitos é uma liberdade fundamental", disse ela. Questionado sobre a possibilidade de a polícia dispersar a marcha no sábado pela força, Orbán disse em Bruxelas, nesta quinta-feira (26), que a Hungria é um país civilizado. "Não machucamos uns aos outros". Os críticos veem a medida de proibir a parada como parte de uma repressão mais ampla às liberdades democráticas antes das eleições gerais do próximo ano, quando o nacionalista Orbán enfrentará forte adversário da oposição. Orbán, no poder desde 2010, se apresenta como defensor dos valores familiares e disse, em fevereiro, que os organizadores não deveriam nem se preocupar em organizar a Parada do Orgulho LGBTQ em Budapeste este ano. Na terça-feira, o ministro da Justiça da Hungria enviou carta a várias embaixadas estrangeiras, informando-as de que a Parada do Orgulho LGBTQ é "uma assembleia legalmente proibida, cuja organização e anúncio se qualificam como ofensa criminal punível com prisão de até um ano de acordo com a lei húngara". O ministro Bence Tuzson enviou sua carta às embaixadas um dia depois que diplomatas do Reino Unido, da França, Alemanha e de outros 30 países expressaram apoio à comunidade LGBTQ da Hungria e à Parada do Orgulho LGBTQ de Budapeste. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Parada LGBT+ de SP discute o envelhecimento em meio à festa e reflexão Exposição mostra perseguição à comunidade LGBTQIA+ durante ditadura