A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou nesta segunda-feira (26) que menos de 5% das terras agrícolas da Faixa de Gaza estão acessíveis e férteis, situação que agrava o risco de fome no território palestino. Em nova avaliação, a FAO destacou que mais de 80% das terras agrícolas foram danificadas pelo conflito que ocorre no enclave e que 77,8% já não estão acessíveis, restando apenas 4,6% de solos potencialmente aráveis (apenas 688 hectares). Com base na análise geoespacial feita no final de abril com a Unosat, o centro de satélites da Organização das Nações Unidas (ONU), a FAO adiantou que a situação está "minando ainda mais a capacidade de produção alimentar e exacerbando o risco de fome na região". A situação é particularmente crítica em Rafah, no sul do território, e no norte, onde "praticamente" nenhuma terra agrícola é acessível, acrescentou a agência da ONU em comunicado. Após mais de 19 meses de guerra e dois meses e meio de bloqueio da ajuda internacional por parte de Israel, os habitantes da Faixa de Gaza têm falta de tudo e a fome é uma ameaça. O governo israelense, sob pressão internacional, suspendeu parcialmente o bloqueio à ajuda na semana passada, mas as organizações humanitárias consideram que ainda ficou muito aquém das necessidades. No final de abril, cerca de 82,8% dos poços para uso agrícola tinham sido danificados (em comparação com 67,7% em dezembro de 2024). "Com as terras, as estufas e os poços destruídos, a produção alimentar local foi interrompida. Esse nível de destruição não é apenas uma perda de infraestruturas, é o colapso do sistema alimentar de Gaza, e daquilo que sustentava vidas", afirmou Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da FAO. Antes do início do conflito, a agricultura representava cerca de 10% da economia de Gaza, com mais de 560 mil pessoas (cerca de um quarto da população) a viverem, pelo menos parcialmente, da produção agrícola, da criação de gado ou da pesca, acrescentou a organização. A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islâmico palestino Hamas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns. Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 54 mil mortos, a maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Oriente Médio. A ofensiva israelense também destruiu grande parte da infraestrutura do território governado pelo Hamas desde 2007. *É proibida a reprodução deste conteúdo, Relacionadas ONU diz que população de Gaza precisa de mais alimentos Israel autoriza entrada em Gaza de 100 caminhões de ajuda da ONU OMS alerta para impacto permanente da fome a toda uma geração em Gaza