A trégua entre Israel e o Hamas termina oficialmente hoje. Segundo o roteiro de paz iniciado em 19 de janeiro, neste domingo (2) deve começar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, havendo, porém, dúvidas sobre o cumprimento dos prazos. O cessar-fogo, que já dura 42 dias, interrompeu 15 meses de combates na Faixa de Gaza, em meio à ofensiva lançada por Israel depois de ter sofrido um ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023. No ataque sem precedentes, os militantes do Hamas e de outros grupos radicais mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e raptaram mais de 250, levando-as para Gaza como reféns. A retaliação militar israelense fez mais de 48 mil mortos em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, liderado pelo Hamas, cujos dados a Organização das Nações Unidas (ONU) considera confiáveis. Nessa sexta-feira (28), um dia antes do fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo, o Hamas reiterou o “total compromisso” de passar para a segunda fase e aplicar os termos firmados no texto, que prevê a libertação dos reféns restantes e o fim “integral” da guerra. “Com o fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo e de troca de prisioneiros, o Movimento de Resistência Islâmica [Hamas] afirma o seu total empenho em aplicar todos os termos do acordo em todas as suas fases e pormenores”, afirma comunicado divulgado nas redes sociais do grupo. No texto, o grupo palestino apelou também à comunidade internacional para que pressione Israel a fim de que Tel Aviv aprove a segunda fase do acordo “sem hesitações nem evasivas”. A trégua permitiu trocar 33 reféns (oito dos quais mortos) por milhares de prisioneiros palestinos, havendo ainda muito a fazer. Dos 251 reféns sequestrados, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o Exército israelense. Quinta-feira (27), o ministro da Defesa israelense, Israel Kazt, avisou que as tropas não se retirarão do corredor de Filadélfia, na fronteira de Gaza com o Egito, por considerar que é a via pela pela qual o Hamas pode se rearmar. A retirada das tropas israelenses desse corredor é um compromisso, segundo o texto, para a segunda fase do acordo. Segundo os termos do cessar-fogo, 150 doentes deveriam poder atravessar diariamente para o Egito, com três acompanhantes cada um, mas, até hoje, foram transferidos apenas 28 por meio da passagem de Rafah. O Ministério da Saúde do Hamas acusa Israel de atrasar a partida de muitos desses doentes. A segunda etapa, planejada para começar neste domingo (2), prevê o fim definitivo da guerra e a libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza, mas o acordo entre as partes permanece incerto. A terceira e última fase do entendimento será dedicada à reconstrução do enclave palestino, um projeto gigantesco estimado pela ONU em mais de US$ 53 bilhões. O Hamas afirmou estar pronto para reiniciar conversações com Israel e que a única maneira de libertar o restante dos reféns que estão em seu poder seria um novo compromisso,. Acrescentou que Israel não tem outra escolha a não ser iniciar negociações para a segunda fase. As autoridades israelenses indicaram, por outro lado, que não pretendem retirar suas tropas do corredor Filadélfia, a zona tampão de 14 quilÔmetros entre a Faixa de Gaza e o Egito, apesar de a saída estar estipulada no acordo de cessar-fogo com o Hamas. O grupo armado palestino advertiu que qualquer tentativa israelense de manter uma zona tampão no corredor seria uma “violação flagrante” do acordo. Israel deveria começar hoje a retirada dos seus militares do Corredor Filadélfia e concluir em oito dias. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Palestinos começam a retornar para uma Gaza devastada Israel ordena criação de plano para saída voluntária de Gaza Brasil condena Israel por expulsar 40.000 palestinos de Cisjordania