A organização não governamental Oxfam denuncia que Israel promove as etapas finais de uma limpeza étnica no norte da Faixa de Gaza e, assim como outras organizações humanitárias, a entidade não consegue acessar o local há cerca de 50 dias para prestar auxílio as cerca de 50 mil a 75 mil pessoas que se estima que ainda vivam no norte do território palestino. “Nossa equipe em Gaza tem tentado, desesperadamente, por quase dois meses, alcançar civis famintos, mas foi bloqueada pelo Exército israelense. Sabemos que muitas crianças estão presas e morrerão de fome”, afirmou o diretor-executivo da Oxfam, Amitabh Behar, em nota divulgada nesta quarta-feira (27). O termo limpeza étnica é usado para descrever a remoção ou eliminação de determinados grupos étnicos de uma região. A Oxfam faz parte de um grupo de agências internacionais que denunciam que são impedidas de entrar no norte de Gaza desde que Israel intensificou o cerco ao local, a partir de 6 de outubro. “Israel está construindo infraestrutura para uma presença militar de longo prazo - uma anexação de fato da terra - e destruindo qualquer esperança restante de uma solução justa e pacífica”, denuncia Behar. A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (Unrwa), banida de Israel em outubro, confirma que existe um bloqueio de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza desde o início de outubro.  De acordo com último boletim do Escritório de Assuntos Humanitário das Nações Unidas (Ocha), a ONU tentou levar ajuda humanitária 41 vezes para o norte de Gaza entre 1º e 25 de novembro, sendo 37 missões negadas previamente.  “Quatro [missões] foram inicialmente aprovadas, mas então severamente impedidas no local, de modo que a assistência não pôde ser entregue às pessoas presas na área sitiada. Desde que o cerco apertado começou no início de outubro, nenhuma das tentativas da ONU de apoiar as pessoas sitiadas naquela área foi totalmente facilitada”, informou a Ocha. Por sua vez, Israel nega as acusações e diz que tem permitido a entrada de ajuda humanitária no território. No domingo (24), as Forças de Defesa de Israel informaram que transferiram 323 pacientes do Hospital Kamal Adwan, que teria recebido combustível e suprimentos médicos. “[Israel] continua a agir de acordo com o direito internacional para facilitar e apoiar respostas humanitárias para os moradores de Gaza, particularmente na área médica”, afirmou, em nota, o governo israelense. Nesta quarta-feira, o exército israelense informou que continua as operações militares no norte do território. “A artilharia atingiu dezenas de instalações de armazenamento de armas do Hamas, estruturas militares e locais significativos de infraestrutura terrorista durante a noite”, informou. Deslocamento forçado A Oxfam estima que 100 mil pessoas foram expulsas do norte de Gaza nas últimas semanas, e informa que os funcionários da organização têm tentando ajudar essas famílias.  “As transferências forçadas para o sul, para a região vizinha ao redor da cidade de Gaza, criaram uma superlotação tão grande que as condições ali agora são semelhantes à fome”, diz a organização. A equipe da Oxfam que está na cidade de Gaza, na área central da faixa, diz que a situação no local é de extrema fome. “As pessoas que foram deslocadas do norte estão em um estado realmente alarmante. Enquanto isso, a parte sul de Gaza parece um país completamente separado de nós”, diz a entidade. “Como poder ocupante em Gaza, Israel está vinculado pelo Direito Internacional Humanitário a fornecer as necessidades e a proteção da população de Gaza”, lembra a Oxfam. Relacionadas Gangues bloqueiam distribuição de ajuda no sul de Gaza EUA vetam resolução do Conselho da ONU sobre cessar-fogo em Gaza Carta final do G20 condena guerras em Gaza e na Ucrânia