No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero fixou na porta da capela o Castelo de Wittenberg, na Alemanha, o documento das 95 teses. No texto, ele expos suas reflexões sobre as práticas do cristianismo, enfrentou o papado e questionou as relações vigentes entre os dois grandes poderes da época: o Estado e a Igreja Católica.

O teólogo, principal nome da Reforma Protestante, criticava sobretudo a compra de indulgências, ou seja, o pagamento pelo perdão de pecados, como caminho para a salvação. Na época, o Renascimento ajudou a desencadear a reforma, o mundo passava por uma grande transformação. A ascensão da burguesia punha em crise a organização feudal. A nobreza e o clero disputavam o poder junto aos monarcas.

Em 1521, Lutero foi excomungado por suas teses. Perseguido, foi para um retiro forçado onde dedicou-se à sua principal obra: a tradução da Bíblia do latim para o alemão. O invento da imprensa por Gutenberg, em 1430, facilitou a difusão da Palavra de Deus aos fiéis. O começo da separação do Estado e Igreja deu também ao povo maior liberdade para discernir entre o ter e o ser na essência da fé. Romanos 5: 1: "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo".

A justificação e a salvação do pecador vêm pela fé no sangue de Jesus que nos redime de todo pecado. Quando estive na cidade de Granada, a guia, além de outros pontos turísticos, nos levou para conhecer a Catedral Metropolitana, quando adentramos o templo ela nos disse: "Neste momento estão rezando uma missa em intenção da alma de Isabel e de Fernando, chamados Reis Católicos, realizada todos os dias por ordem dos mesmos quando ainda em vida". Considerei: "Esses reis católicos deviam ser muito pecadores para que exigissem uma missa diária por mais de 400 anos". Esse ano, em 31 de outubro, comemorou-se os 504 anos da Fé Reformada: Sola fide, soli Deo glória, sola gratia, solus Chiristus, sola scriptura.

Mauro Jordão é médico